sexta-feira, 27 de março de 2015

Estado Islâmico apedreja casal iraquiano acusado de adultério
Rod Nordland - NYT                                   
Reprodução
Membros do Estado Islâmico já haviam executado três soldados curdos no dia 20
Membros do Estado Islâmico já haviam executado três soldados curdos no dia 20
Militantes do Estado Islâmico apedrejaram até a morte um homem e uma mulher acusados de adultério nesta terça-feira no Iraque, desfilando as vítimas em uma praça pública na cidade de Mosul, no norte, segundo testemunhas e um oficial militar iraquiano.
Mais tarde, os militantes decapitaram três homens jovens em uma rua no centro de Mosul, os acusando de serem sobrinhos de um oponente político do Estado Islâmico.
Essas foram as mais recentes de uma série de execuções públicas de pessoas acusadas de ofensas sociais na cidade, que os militantes tomaram do controle iraquiano em junho.
As vítimas do apedrejamento não foram identificadas, mas tinham na faixa dos 20 anos, disseram testemunhas. A mulher foi descrita como sendo casada. Não se sabe se foram julgados, mas nada disso foi realizado em público.
Abu Mohammad al-Lahibi,dono de uma loja de roupas em Mosul, disse que viu os militantes reunirem várias centenas de moradores diante do prédio do governo em Mosul para testemunhar a execução. O casal estava algemado e a mulher estava usando um niqab, ou véu facial pleno.
"Doze militantes do EI estavam presentes com sacos cheios de pedras, eles começaram a atirar as pedras neles e após a terceira pedra a mulher foi morta", disse Al-Lahibi. O homem morreu pouco depois, ele disse.
Outra testemunha disse que tentou gravar a execução em vídeo com seu celular, mas foi ordenado pelos militantes a não fazê-lo.
"Eu fiquei tocado pelo choro daquela mulher, que começou a sangrar e então morreu com o apedrejamento", disse a testemunha, Saad, que deu apenas seu primeiro nome por temer por sua segurança. "Eu estava lá impotente. O governo nos deixou como cativos nas mãos do EI, que cometem toda sorte de crimes na cidade. Quanto mais eu vejo seus crimes, mais eu os odeio e percebo que vieram executar uma agenda remunerada de destruir a cidade, sua história e civilização, além de difamar a imagem do Islã."
O apedrejamento foi confirmado por um oficial militar iraquiano, o coronel Ahmed al-Jiboori, que está posicionado no Campo de Libertação de Nínive, a leste de Mosul. Al-Jiboori também disse que combatentes peshmerga curdos na área impediram um ataque do Estado Islâmico a leste da cidade, no Monte Bashiqa, na terça-feira, matando 11 militantes.
Moradores locais disseram que foram realizadas mais de uma dúzia de execuções por apedrejamento desde que os militantes iniciaram a prática em Mosul em agosto.
Os três homens decapitados na terça-feira foram descritos por testemunhas como tendo menos de 30 anos. Após um rumor de que o tio deles tinha se encontrado com o líder curdo Massoud Barzani, os militantes do Estado Islâmico foram até a casa do tio e levaram os três homens jovens até uma rua pública, onde foram decapitados.
Esses ataques levaram alguns moradores de Mosul a expressar urgência por uma campanha do governo iraquiano para retomar a cidade. Mas o progresso de uma ofensiva pró-governo contra o Estado Islâmico tem sido lenta, com a força principal presa em torno da cidade de Tikrit, ao sul de Mosul, por quatro semanas. O governo anunciou na semana passada que estava prestes a retomar Tikrit dos militantes, porém disse mais recentemente que estava consolidando suas forças em torno da cidade para minimizar as baixas, enquanto os militantes resistem no centro.
Cerca de 30 mil soldados iraquianos e milícias dominadas pelos xiitas estiveram envolvidos no esforço contra os militantes em Tikrit, que acredita-se que cheguem a centenas ou poucos milhares.
Em 12 de março, as autoridades iraquianas anunciaram que estavam a poucos dias de retomar Tikrit e que estavam fazendo isso sem a ajuda da coalizão liderada pelos Estados Unidos. Quando isso não aconteceu, alguns disseram que a culpa era da ausência de ataques aéreos pela coalizão. O general do Exército Abdul-Wahab al-Saadi, o comandante militar iraquiano na província de Saladino, disse que requisitou ataques aéreos da coalizão, mas eles não ocorreram. Anteriormente, oficiais americanos disseram que os oficiais iraquianos não requisitaram ajuda.
No domingo, Hadi al-Ameri, o líder das forças de mobilização popular do Iraque, como as milícias dominadas pelos xiitas são conhecidas, reagiu com desprezo diante dessas preocupações.
"Alguns dos fracotes no Exército dizem que precisamos dos americanos, mas nós dizemos que não precisamos dos americanos", disse.
Em comentários na terça-feira, Al-Saadi afirmou que queria ver ataques aéreos iraquianos, mas não mencionou os da coalizão.
"Nós estamos tomando as medidas necessárias para proteger nossas forças, e as tribos protegerão o local após libertarmos o território", disse ele na televisão iraquiana, explicando a demora para retomar Tikrit.

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