Reinaldo Azevedo - VEJA
Vândalos
disfarçados de professores tentaram invadir nesta quinta-feira a sede
da Secretaria Estadual de Educação, em São Paulo. Mascarados, lançaram
uma barra de ferro contra a porta do edifício. Os vidros foram
quebrados. Os policiais tiveram de recorrer ao gás lacrimogêneo e ao gás
pimenta para que os supostos docentes se lembrassem de que existem leis
no país. A manifestação aconteceu depois de uma reunião infrutífera
entre a direção da Apeoesp, o sindicato da rede oficial de ensino, e o
secretário de Educação, Herman Woorvald.
Um grupo
minoritário de professores está em greve há 39 dias, sob o comando da
inefável Bebel Noronha, a petista que preside o sindicato. A turma
reivindica, atenção!, nada menos de 75% de reajuste, de uma vez, numa
única paulada. Pretexto: igualar os ganhos a outras carreiras de nível
universitário.
Atenção!
Como informa a Folha, de junho de 2012 a fevereiro deste ano, o salário
médio dos professores das escolas estaduais subiu 28%. Nesse período, a
inflação foi de 16%, segundo o indicador IPC-Fipe, em São Paulo, e de
19,5%, segundo o IPCA. Considerando o início do mandato anterior do
tucano (2011) até fevereiro de 2015, o reajuste salarial foi de 45%,
segundo dados tabulados pelo próprio governo, ante uma inflação de 25%
(IPC). Logo no início do mandato anterior, Alckmin aprovou lei que
estabeleceu política de aumentos até 2014.
Vamos lá,
meus caros! Todos podemos achar, e certamente achamos, que os
professores merecem ganhar mais. Mas há uma medida nas coisas. Imaginar
que o Estado pode arcar com um reajuste de 75% a título de equiparação,
partir para a greve e desta para atos violentos, eis um conjunto de
práticas inaceitáveis.
Que exemplo
dá a Apeoesp a seus alunos! Bem, dizer o quê? Essa mesma entidade,
comandada pelos mesmos sectários, já queimou livros em praça pública em
manifestações grevistas e para protestar contra a criação de um
currículo unificado. Cabe a pergunta: que tipo de gente e de liderança
comanda a queima de livros? O exemplo notório de que a humanidade tem
lembrança são os nazistas, na Alemanha, não é isso? Vale, nesse caso, a
máxima do poeta alemão Heine: “Onde se queimam livros ainda se queimarão
pessoas”.
Depois do
ataque à secretaria, 350 militantes da Apeoesp saíram em passeata. Para
quê? Certamente não para ganhar o apoio da população, que é quem acaba,
de várias maneiras, pagando o pato por sua irresponsabilidade.
Espero que o
governo Alckmin realmente não negocie com a Apeoesp enquanto a greve
não chegar ao fim. O estado democrático e de direito não pode
condescender com esses métodos. E a maioria silenciosa dos professores,
que não endossam a violência e a porra-louquice, tem de começar a
mostrar a cara.
Olho aqui o currículo de Bebel, prestem atenção:
1991/1992 – Coordenadora da Subsede da APEOESP em Piracicaba
1993/96 – Secretária de Organização do Interior da APEOESP
1996/99 – Vice-Presidenta da APEOESP
1997/99 – Secretária Geral da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação)
1999/02 – Presidenta da APEOESP
2002 – Secretária de Finanças da APEOESP
2006-2009 – Membro do Conselho Nacional de Educação (CNE)
A partir de 2010 – Presidente da Apeoesp
1991/1992 – Coordenadora da Subsede da APEOESP em Piracicaba
1993/96 – Secretária de Organização do Interior da APEOESP
1996/99 – Vice-Presidenta da APEOESP
1997/99 – Secretária Geral da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação)
1999/02 – Presidenta da APEOESP
2002 – Secretária de Finanças da APEOESP
2006-2009 – Membro do Conselho Nacional de Educação (CNE)
A partir de 2010 – Presidente da Apeoesp
Como se
nota, ela é uma profissional da causa. Está longe da sala de aula há
muito tempo. Perdeu contato com os alunos. Talvez por isso tenha
patrocinado uma propaganda na TV pedindo que os pais não levassem seus
filhos à escola.
Ah, sim:
Bebel já teve a chance de se submeter ao escrutínio popular. Foi
candidata a vereadora da cidade de Águas de São Pedro, o segundo menor
município do país, com cerca de 3 mil habitantes. Obteve 100 votos.
Impedir as crianças de ter aula é mais fácil do que se eleger vereadora em Águas de São Pedro, né, Bebel?
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