FSP
Sob a paisagem bucólica de um vilarejo na fronteira entre a França e a Suíça esconde-se o maior e mais caro artefato científico já produzido. Trata-se do colisor de partículas subatômicas LHC (Large Hadron Collider), um túnel circular de 27 km de circunferência e US$ 10 bilhões, enterrado cerca de 100 metros abaixo da superfície.
Fechada há dois anos para reparos, a colossal máquina está pronta para voltar a operar --com energia redobrada e novos desafios.
A confirmação, que rendeu o Prêmio Nobel de física de 2013 aos dois cientistas que aventaram o Higgs, veio com o LHC funcionando a 8 TeV (tera-elétronvolts). Agora, ao ser religado, serão 13 TeV.
Sob o impulso dessa energia inédita se darão os novos choques entre prótons no interior da máquina. O objetivo é gerar condições similares às existentes momentos após o Big Bang (explosão que deu início ao Universo). Em certo sentido, o LHC pode ser considerado uma espécie de máquina do tempo.
Com a potência expandida aumenta a expectativa em torno das descobertas --a principal delas talvez seja sobre a matéria escura. Misteriosa e invisível, a substância corresponde a cerca de 85% de toda a massa existente no Universo.
Assim como os buracos negros, a matéria escura escapa às observações diretas. Sabe-se de sua existência pelos efeitos que produz sobre galáxias e outros objetos celestes.
Outra aposta é a investigação da noção de supersimetria, segundo a qual cada partícula conhecida tem uma versão mais pesada, com características similares.
Sua comprovação representaria um passo importante no maior desafio da física: unificar a relatividade (que explica a gravidade) com a mecânica quântica (que trata das interações entre as partículas) num arcabouço teórico único.
Será uma busca às cegas, porém. Não existem garantias de que o LHC será capaz --mesmo com a nova energia-- de penetrar um pouco mais nos segredos do Universo.
A ausência de resultados aumentaria o abismo existente entre as teorias na fronteira da física e a capacidade técnica de testá-las experimentalmente. Por outro lado, não se descarta que o acelerador revele algo inesperado, podendo originar novas frentes de pesquisa.
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