Para o indicado por Dilma ao STF, o papel de um juiz é fazer justiça com as próprias mãos, ao arrepio da lei
Reinaldo Azevedo - FSP
O advogado Luiz Edson Fachin, indicado pela presidente Dilma Rousseff
para a vaga aberta no Supremo, não pode ter seu nome aprovado pelo
Senado Federal, a menos que essa Casa resolva pôr em dúvida a sua
própria legitimidade e queira flertar com o baguncismo jurídico. Aquele
que Dilma, o PT, a CUT, o MST e o tucano Álvaro Dias (PR) pretendem que
seja um dos 11 da corte constitucional já deu mostras de que despreza o
Congresso, de que repudia fundamentos da Constituição e de que ignora
valores caros à sociedade brasileira.
O plano de doutor Fachin, como a gente nota, é mais, digamos, socialista do que a NEP leninista. Mas existe terreno para que um ministro do Supremo atue além do que permite a lei? Fachin responde o que pensa em seu artigo: "Não basta ser tratado igualmente diante de uma lei que não considerou as desigualdades sociais e que não abrigou princípios protetores das classes menos privilegiadas". Entenderam? Para ele, o papel de um juiz é fazer justiça com as próprias mãos, ao arrepio do que está escrito. Afinal, as leis embutiriam o mascaramento da luta de classes.
"Qual é, Reinaldo? Você pensa a mesma coisa de 29 anos atrás?" Não. Mas Fachin permanece fiel à causa. E foi ampliando seus domínios intelectuais. A mera extinção da propriedade privada lhe parecia café pequeno. Então ele decidiu investir no fim da família. O homem é uma espécie de Pablo Capilé das relações parentais, um pensador verdadeiramente "fora do eixo".
No prefácio de um livro que faz a apologia da superação da monogamia como princípio estruturante da família (http://goo.gl/JB1t7B), o doutor, que desfilou no Senado de mãozinha dada com a sua mulher e se disse um avô extremoso, afirma ser a relação monogâmica um "jugo".
Num conjunto de propostas que contam com a sua chancela, há heterodoxias como direitos de amante; reconhecimento de famílias simultâneas; atribuição de direitos e deveres idênticos a pais e padrastos, mães e madrastas (multiparentalidade); presunção de paternidade com base na simples relação eventual de um homem e de uma mulher --enquanto ele não provasse legalmente não ser o pai, estaria obrigado a pagar pensão; redução dos direitos de paternidade e maternidade com base em vínculos afetivos estabelecidos pelas crianças com outros adultos e vai por aí.
Fachin encontra resistências. Enquanto escrevo, fico sabendo que o PMDB está sendo assediado por 30 moedas para aprovar seu nome. Fiquem espertos, senhores! A sociedade brasileira acordou. E vai dizer o que pensa nas ruas e nas urnas.
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