Reinaldo Azevedo - VEJA
Leiam isto.
“A
próxima polêmica após a conclusão da reforma política será a redução da
maioridade penal, que votaremos até o fim de junho em plenário. A
comissão especial da redução da maioridade penal deve concluir seu
trabalho até o dia 15 de junho e levaremos imediatamente ao plenário. O
PT não quer a redução da maioridade e acha que todos têm de concordar.
Além dessa polêmica, teremos ainda muitas outras, já que não vamos
deixar de levar à votação matéria porque um grupo do PT não quer.
Defendo, inclusive, e vou sugerir ao relator, que se faça um referendo
sobre a redução da maioridade para que a gente faca um grande debate.
Poderia ser junto com as eleições de 2016, ideia sugerida pelo líder
Mendonça Filho, do DEM”.
Quem
escreveu isso tudo? O deputado Eduardo Cunha (PDMB-RJ), presidente da
Câmara, numa série de mensagens no Twitter. Também tratou de outros
temas, mas, por ora, cuido desse assunto.
Cunha sabe
que a redução conta com a simpatia da esmagadora maioria do povo
brasileiro e, quero crer, do Congresso. Até porque não existe razão
técnica, científica ou lógica para o conjunto de leis que trata do
assunto no Brasil. O máximo que os opositores da ideia conseguem
articular é a tese falaciosa de que apenas 1% dos homicídios são
praticados por adolescentes de 16 e 17 anos. Vamos pela ordem.
O número é
uma mentira escandalosa. A Polícia brasileira identifica menos de 10%
dos autores de assassinatos. Como se chegou àquele 1%? Pior de tudo: se
fosse verdade, dados os 53.646 homicídios havidos no Brasil em 2013,
então teríamos uma lei assegurando a impunidade a 536 assassinos. Com
quem a esquerda aprendeu a argumentar? Ademais, considerando os apenas
10% de identificação, se a taxa for mantida também nesse grupo, só 53
assassinos dessa faixa etária serão presos. Ainda sobrarão 483 para os
esquerdistas adotarem, dando casa, comida e roupa lavada. Que tal um
talquinho e uma colônia infantil para ninar seus bibelôs de baixa
sociologia? O diabo é que essa gente advoga teses absurdas e depois vai
ao boteco beber. E os assassinos que continuem a ameaçar a população.
Opositores
da ideia, como a presidente Dilma Rousseff, dizem que a mudança “não
resolve o problema”. Não é para resolver o problema da violência. É
apenas para punir assassinos, para tirá-los de circulação, para que não
continuem a matar. Ponto e adiante.
Cunha sabe
como provocar seus adversários — até porque é o alvo predileto dos
provocadores, não é? E tratarei do assunto em outro post. Notem que não
se limita a anunciar mais uma votação que ele mesmo tacha de “polêmica” e
que certamente mobilizará a reação negativa do Poder Executivo. O
deputado, com correção, identifica no PT o eixo de resistência à
proposta. E, como sabemos, nos dias que correm, basta que o partido seja
contra para que a maioria da população seja a favor, e basta que seja a
favor para que a maioria seja contra contra.
Mais:
Cunha faz com que os petistas se tornem reféns de seu próprio discurso. A
ideia do referendo é obviamente excelente. O PT, como se sabe, queria
plebiscito até para reforma política, não é mesmo? Por que se negaria a
ouvir o povo no caso da maioridade penal? E em que consiste um
referendo? Caso o Congresso decida mesmo reduzir a maioridade penal, a
mudança ficará condicionada a um “sim” da população. Se o “não” vencer, a
Carta fica como está.
Finalmente,
há a tolice, já desmoralizada, de que a maioria penal aos 18 anos seria
uma “cláusula pétrea”. Trata-se de uma besteira vocalizada por José
Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e pelas esquerdas. As cláusulas
pétreas da Constituição Brasileira — isto é, os dispositivos que não
podem ser mudados nem por emenda constitucional — estão previstas no
Parágrafo 4º do Artigo 60. São eles: o Estado federativo, a separação e
independência entre os Três Poderes, o voto direto, secreto e sem
restrições (a não ser idade) e os direitos e garantias do Artigo 5º, nos
quais não se encontra a inimputabilidade para menores de 18. Esta é
garantida pelo Artigo 228, que pode ser alterado por emenda
constitucional.
Cunha está
certo. Os petistas e as esquerdas mantêm a maioridade penal aos 18 anos
ao arrepio da vontade do país, que, nesse caso, está espelhada na
vontade do Congresso. E vocês sabem como é: a democracia é o único
regime político que respeita os direitos de minorias, mas continua a ser
aquele em que tais minorias não se impõem à maioria. Esse modelo tem
outro nome: é a tirania.
Nenhum comentário:
Postar um comentário