sábado, 7 de julho de 2012

ANP FICOU SEM DINHEIRO PARA PAGAR OS TERRORISTAS. QUE DÓ!


A Autoridade Palestina passa por uma crise financeira sem precedentes
Laurent Zecchini - Le Monde
A possibilidade de um não pagamento dos salários dos servidores públicos causa preocupação
Se a Autoridade Palestina entrou em uma zona crítica, foi menos no plano político do que no financeiro, ainda que a crise orçamentária que ela vem atravessando possa em breve ter repercussões políticas. Se ela não conseguir mais pagar seus 154 mil funcionários públicos, o que pode acontecer em julho, ninguém duvida que a tendência de protestos que vem se manifestando na Cisjordânia para denunciar a inanidade de qualquer processo de paz com Israel ganhará força.
A constatação dos dirigentes palestinos é confirmada pelos especialistas do FMI (Fundo Monetário Internacional): a Autoridade Palestina vem passando por uma crise sem precedentes desde que foi criada, em 1994. O motivo? A drástica diminuição na ajuda dos países doadores. Diante dessa situação de emergência, o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, iniciou conversas com o presidente do Banco Central Israelense, Stanley Fischer.
Os dois se conhecem bem: eles trabalharam juntos no Banco Mundial e no FMI, em Washington, no final dos anos 1990 até 2001. Em abril, eles pediram às equipes do Fundo Monetário que procurassem “caminhos”. Daí até afirmar, como fez o jornal israelense “Haaretz”, que o Estado judaico tentou emprestar “US$ 1 bilhão ao FMI para evitar a quebra da Autoridade Palestina”, há uma grande distância.
Em uma entrevista ao “Le Monde”, na quarta-feira (4), Oussama Kanaan, chefe de missão do FMI para os territórios palestinos, corrigiu essa afirmação: “Salam Fayyad e Stanley Fischer pediram aos especialistas do Fundo para que considerassem as possíveis opções para ajudar a Autoridade Palestina, inclusive através de Israel. Esse trabalho está sendo feito, nenhuma solução concreta foi decidida ainda e nenhum montante foi oficializado”. De qualquer forma, o de US$ 1 bilhão parece muito exagerado.
Kanaan lembra que o FMI só pode emprestar dinheiro a um Estado-membro – o que não é o caso da Palestina – em determinadas circunstâncias, como um forte desequilíbrio da balança de pagamentos. Mas ele é categórico: “nesse caso, tal ajuda só pode ser considerada como parte de um programa de ajustes estruturais”. Como Israel não se encontra nessa situação, a possibilidade de ele poder contrair tal empréstimo em prol dos palestinos não é realista.
Só que os dirigentes israelenses têm interesse em ver a Autoridade Palestina superar suas dificuldades: a suspensão do pagamento dos salários, sobretudo o da polícia, teria consequências negativas para a situação da segurança na Cisjordânia. O fato de que Israel está disposto a facilitar a recuperação financeira da Autoridade Palestina é um dado político importante, mas paradoxal, se considerarmos as restrições que ele impõe à atividade econômica dos territórios palestinos ocupados.
Cerca de 70% da renda palestina vêm das receitas fiscais arrecadadas por Israel em prol da Autoridade Palestina. Só que o Estado judaico não hesita em suspender esses pagamentos por razões políticas. Oussama Kanaan observa, diplomaticamente, que “a eficácia desse mecanismo poderia ser claramente melhorada”. A Autoridade Palestina parece hoje estar num impasse: ela não pode mais fazer empréstimos junto aos bancos ou ao setor privado, em razão de seus atrasos nos pagamentos.
Embora ela esperasse obter doações estrangeiras em um total de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 2 bilhões) para 2012, ela só obteve confirmações para US$ 480 milhões. Os principais culpados são os países árabes, cuja contribuição total é de US$ 115 milhões, contra US$ 290 milhões em 2011, e US$ 462 milhões em 2009. A isso se soma a persistente reticência dos Estados Unidos, que não pagaram uma ajuda esperada de US$ 200 milhões.
Os dirigentes da Autoridade Palestina estão dramatizando a situação, para lembrar os Estados árabes de suas responsabilidades: se os servidores públicos não forem mais pagos, corre-se o risco de haver um surto de violência na Cisjordânia. Desde já, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, está enfrentando inusitados protestos de rua: nos últimos dias, houve várias manifestações em Ramallah para exigir a suspensão dos contatos políticos com os israelenses.
Tradutor: Lana Lim

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