segunda-feira, 30 de julho de 2012

Após um ataque israelense contra o Irã
Daniel Pipes - MSM
Os mulás enfrentam sérias limitações quanto a capacidade de retaliação, incluindo vulnerabilidade militar e necessidade premente em não aumentar o número de inimigos externos.
Como irão os iranianos responder a um ataque israelense contra a sua infraestrutura nuclear? As respostas a esta previsão têm grande importância, que afetam não apenas a decisão de Jerusalém, mas também o quanto outros países estão trabalhando para evitar um ataque israelense.
Os analistas costumam apresentar o que seria a melhor das hipóteses a favor da política de contenção e dissuasão (alguns comentaristas chegam a ponto de saudar um Irã nuclearmente armado) e ao mesmo tempo prever a pior das hipóteses em consequência de um ataque. Preveem que Teerã fará tudo que estiver ao seu alcance para revidar, como terrorismo, sequestros, ataques com mísseis, combates navais e o fechamento do Estreito de Hormuz. Estas previsões ignoram dois fatos: nenhum dos ataques anteriores de Israel contra países inimigos que estavam construindo armas atômicas, Iraque em 1981 e Síria em 2007, resultaram em retaliação e uma análise do histórico da República Islâmica do Irã desde 1979 aponta para uma avaliação "mais comedida e menos apocalíptica—ainda que preocupante—sobre a provável consequência de um ataque preventivo".
Estas são as palavras de Michael Eisenstadt e Michael Knights do Washington Institute for Near Eastern Policy, que apresentam um excelente guia para os possíveis cenários em "Beyond Worst-Case Analysis: Iran's Likely Responses to an Israeli Preventive Strike." O levantamento por eles realizado sobre o comportamento iraniano nas últimas três décadas levou-os a compreender que três princípios centrais irão provavelmente moldar e limitar a resposta de Teerã a um ataque israelense: insistência quanto à reciprocidade, cautela em não criar inimigos gratuitamente e o desejo de impedir futuros ataques israelenses (ou americanos).
Os mulás, em outras palavras, enfrentam sérias limitações quanto a capacidade de retaliação, incluindo vulnerabilidade militar e necessidade premente em não aumentar o número de inimigos externos. Estabelecidas estas linhas de orientação, Eisenstadt e Knights avaliam oito possíveis ações iranianas, cada uma deverá apreciar o mérito e ao mesmo tempo ter em mente a alternativa – a saber, das armas nucleares estarem sob controle dosislamistas apocalípticos:
Ataques terroristas a alvos israelenses, judaicos e americanos. Provável, mas com destruição limitada.
Sequestro de cidadãos americanos, especialmente no Iraque. Provável, mas com impacto limitado, como nos anos de 1980 no Líbano.
Ataques contra americanos no Iraque e no Afeganistão. Alta probabilidade, principalmente por meio de milícias, mas com destruição limitada.
Ataques com mísseis contra Israel. Provável: alguns mísseis do Irã passarão pelas defesas israelenses, levando a mortos e feridos na casa de algumas centenas, mísseis do Hisbolá, limitados em número devido a considerações internas do Líbano. Improvável: Envolvimento do Hamas, pelo fato de ter-se distanciado de Teerã, do governo Sírio que luta pela sobrevivência contra forças de oposição cada vez mais fortes e possivelmente também das forças armadas turcas. Como um todo, é improvável que ataques com mísseis farão estragos devastadores.
Ataques contra países vizinhos. Provável: terrorismo, por ser passível de ser negado. Improvável: ataques com mísseis, visto que Teerã não deseja criar novos inimigos.
Confrontos com a marinha americana. Provável: contudo, dado o equilíbrio de forças, com estrago limitado.
Espalhar secretamente minas no Estreito de Hormuz. Provável, causaria uma escalada nos preços do petróleo.
Tentativa de fechar o Estreito de Hormuz. Improvável: difícil de ser alcançado e potencialmente muito danoso aos interesses iranianos, pois precisam do estreito para o comércio.
Os autores também avaliam três efeitos colaterais de um ataque israelense. Sim, os iranianos poderão se aglutinar em torno do governo como resultado imediato do ataque, mas no longo prazo Teerã "poderá ser censurado por ter tratado a questão nuclear de um modo que levou ao confronto militar". A assim chamada via árabe prevê eternamente a retaliação em resposta a ataques militares externos, porém nunca retalia; os prováveis tumultos entre os xiitas do Golfo Pérsico serão contrabalançados por muitos árabes aplaudindo silenciosamente os israelenses. Quanto a abandonar o Tratado de Não Proliferação e iniciar abertamente e com ímpeto o programa de armas nucleares, embora "altamente provável", quanto mais os iranianos retaliarem, mais complicado será para eles obterem as peças para o programa.
Levando tudo isso em conta, os perigos são graves mas não cataclísmicos, administráveis, mas não devastadores. Eisenstadt e Knights esperam um curto período de reações iranianas de alta intensidade, seguidas por um "conflito prolongado de baixa intensidade que poderá durar meses ou até anos" – como o já existente entre Irã e Israel. Um ataque preventivo israelense, concluem eles, ainda que seja uma "iniciativa de alto risco, que carrega consigo o potencial de escalação no Levante ou no Golfo, … não será o evento apocalíptico que alguns prenunciam".
Esta análise expõe de forma convincente que o perigo de armas nucleares caírem nas mãos dos iranianos é de longe muito maior do que o perigo de um ataque para evitar que isto aconteça.
Publicado no The Washington Times.
Original em inglês: After an Israeli Strike on Iran
Tradução: Joseph Skilnik

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