sábado, 7 de julho de 2012

JAPONESES ABRIRAM OS OLHOS E VIRAM QUE INVESTIR NO BRASIL É UM NEGÓCIO MUITO ARRISCADO

Fuga de capital japonês chega a US$ 30 bi
Total aplicado por investidores do Japão no Brasil cai de US$ 103 bilhões para US$ 73 bilhões em menos de um ano
Estagnação e aversão a riscos seriam motivos; movimento coincide com queda de juros e medidas de controle
SAMANTHA PEARSON - “FINANCIAL TIMES”
Os investidores de varejo japoneses retiraram US$ 30 bilhões (R$ 60 bilhões) de capital do Brasil em menos de um ano, dadas as preocupações quanto à estagnação da segunda maior entre economias de mercado emergente.
Os investimentos denominados em reais dos fundos Toshin, um dos preferidos da "Sra. Watanabe", apelido do lendário investidor caseiro japonês, caíram em 29% desde o pico de US$ 102,9 bilhões, atingido em julho de 2011, informou o banco Nomura ao "Financial Times".
"O momento brasileiro dos fundos Toshin acabou", disse Tony Volpon, economista do Nomura, o maior banco de investimento japonês em receita. "O pico ficou para trás e agora só resta determinar onde a queda vai terminar."
Após atingir a mais alta cotação ante o dólar em 12 anos, em julho de 2011, o real se desvalorizou em 22%, movimento em parte causado pelos investidores caseiros japoneses, que tradicionalmente controlam os vastos recursos das famílias do país.
Atraídos pelas altas taxas de juros brasileiras, os investidores nos fundos Toshin elevaram a exposição ao país latino-americano de só US$ 6,9 bilhões no começo de 2009 a US$ 102,9 bilhões em julho do ano passado.
Esse total despencou, porém, a US$ 73,1 bilhões em maio -declínio de montante quase igual ao do PIB (Produto Interno Bruto) paraguaio.
Segundo os administradores de fundos, uma das razões para a fuga de capital do Brasil para mercados como Turquia e Austrália foi a redução no "spread" (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada dos clientes) entre os juros brasileiros e os internacionais.
As autoridades econômicas brasileiras reduziram a taxa de juros de agosto de 2011 para cá, num esforço para reanimar a economia, que mal cresceu em três trimestres. Medidas de controle de capital resultaram em queda ainda maior dos retornos.
No Japão, os fundos Toshin também caíram, após as autoridades regulatórias adotarem medidas repressivas contra a "sobreposição cambial", causando migração para outros produtos, como fundos de investimento em imóveis nos EUA, disse Roberto Nishikawa, do Itaú Unibanco.
O tsunami de março de 2011 no Japão também resultou em maior aversão a riscos e encorajou maior investimento na economia do país. "Pelo menos um novo fundo de ações vem sendo criado a cada mês no Japão, dado o interesse geral em apoiar a reconstrução."
Tradução de PAULO MIGLIACCI

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