segunda-feira, 30 de maio de 2016

Invasão de escolas: o mínimo que você precisa saber

As mentiras:
O Escola Sem Partido não é do governo e não pretende impedir que os professores ensinem “um monte de coisas”. Trata-se de um projeto de lei do deputado estadual Marcel van Hattem, que pretende impedir que professores doutrinem ideologicamente seus alunos, garantindo-lhes o direito e o dever de ensinar sobre tudo que diz respeito à sua matéria, mas sem emissão de julgamentos enviesados – ou seja, que o professor seja “informador”, não “opinador”. O que boa parte dos professores faz há pelo menos três décadas é enviesar suas abordagens, recortando os fatos, ocultando boa parte do conteúdo e direcionando os alunos para o brete ideológico. O PL 190/2015 de van Hattem e projetos semelhantes em outros estados foram estimulados pelo trabalho da ONG Escola Sem Partido, criada por Miguel Nagib.
Infelizmente, o Governo do Estado não planeja privatizar o ensino. Sindicalistas e “professores” espalham o boato com base no PL 44, do Executivo, que, basicamente, estabelece parcerias entre o governo e entidades privadas “sem fins lucrativos” que conduzam “atividades dirigidas ao ensino”. Ou seja, é uma tentativa – ainda insuficiente, mas salutar – de oferecer opções de atividades e qualificação para quem depende do capengo poder público. Aliás, a única privatização vista é a procedida pelos invasores, que tomaram espaços públicos para si e se arrogam o direito de escolher quem pode entrar nas escolas.

As verdades: professores recebem salários baixos e as escolas públicas estão sucateadas, caindo aos pedaços. Por que viram meias-verdades?
São meias-verdades no contexto das invasões das escolas, pois são tomadas como desculpas para essas movimentações, cuja justificativa principal, à qual todas as outras estão subordinadas, é a melhora nas condições de ensino. Ora, em que medida invadir escolas pode melhorar o ensino? De que modo a interrupção das aulas, do processo de ensino, pode resultar em um ensino de qualidade? De que modo a pichação, a destruição do patrimônio e a depredação das escolas invadidas podem colaborar para com melhores estruturas escolares?De que forma oficinas de masturbação, miçangas, capoeira, feminismo, pichação, malabares e hip hop podem contribuir em um universo de analfabetismo funcional endêmico (incluindo professores)? É evidente que não há relação entre as reivindicações dos invasores e o resultado das invasões. Não é preciso pensar muito para concluir que é possível sustentar tais queixas sem interromper as aulas e sem depredar patrimônio público; aliás, não é somente possível – respeitar o estudo e seu ambiente é a única forma de se proceder com as referidas reivindicações. Todos sabem disso, ainda que alguns prefiram ignorar.
É assim a dinâmica dos movimentos revolucionários: as causas, as bandeiras, são sempre aparentes; a causa real final é sempre a revolução, e as causas intermediárias são a acumulação de poder político e econômico. A causa aparente, aliás, jamais deve ser alcançada; a obtenção dos objetivos alegados acabaria com a justificativa das ações radicais. Eis a resposta para quem se pergunta por que o PT não resolveu o problema de seus companheiros do MST.
É exatamente esse o caso das escolas invadidas. A verdade inteira é que as “ocupações” são manobras políticas, inseridas num contexto de luta pelo poder, que é precisamente tudo que interessa às lideranças dessas movimentações – partidos de esquerda (PT e suas linhas auxiliares, PCdoB e PSOL), sindicatos de trabalhadores que não trabalham (CUT, CPERS e outros) e organizações criminosas (MST, MTST, Levante Popular etc.).
Com o afastamento de Dilma Rousseff, sem acesso aos cofres públicos, esses grupos perderam o principal meio de financiamento de sua atuação. Em poucas palavras: a fonte da mortadela secou. Que fazer? Nada mais fácil que recorrer ao exército formado em três décadas de hegemonia esquerdista no ensino, com base em um currículo de fundo marxista em seu todo e com o construtivismo destruidor como guia. De uma hora para outra, como que por mágica, escolas de todo o Brasil começaram a ser “ocupadas”, num processo de desestabilização de curto prazo e formação de uma militância que será muito útil no longo prazo.
Contudo, sabemos que, mesmo que o ambiente escolar seja intelectualmente insalubre como um todo, ainda não se consegue a adesão dessa comunidade com um discurso radical. E é aqui que entram as meias-verdades de que falei anteriormente, as legítimas reivindicações por melhores salários para os professores e por espaços escolares mais decentes. Com bandeiras aparentemente justas, os militantes profissionais arregimentam militantes neófitos, ingênuos e absolutamente suscetíveis ao arrebatamento de fazer parte de um grupo “justo” e rebelde. São estes novos radicais os idiotas úteis do momento.
Supõe-se que é do terrorista e ditador russo Lenin a expressão “idiotas úteis”, com a qual manifestava seu desprezo para com os militantes da causa comunista no Ocidente. Líderes esquerdistas de todo o mundo, de ontem e de hoje, sempre fizeram uso de uma militância engajada e abnegada. Essa linha de frente faz o serviço sujo (divulgar e propagar a ideologia, sem ou com violência), enquanto os líderes ficam à espreita, imaculados, esperando o momento certo para avolumar-se ante seus militantes. Estes, tão logo a causa triunfa, são descartados por motivos vários (discordar da violência excessiva, manifestar decepção com a falta de senso democrático dos líderes etc.).
Na Iugoslávia, na Romênia, na China, em Cuba, nas Repúblicas Soviéticas e onde quer que a esquerda socialista tenha tomado ou conquistado o poder, os líderes fizeram largo uso dos dedicados e ingênuos idiotas úteis que logo seriam descartados. Mutatis mutandis, é esse o processo que se verifica hoje nas escolas invadidas.
Nosso amigo skatista do início desta história é um belo exemplo de idiota útil, como, repito, eu mesmo já fui. Por isso, com meu testemunho do tempo em que estive do lado de lá, as compreensões obtidas posteriormente e a contemplação dos casos atuais, posso afirmar que, como o rapaz com quem conversamos na Escola Ernesto Dornelles, a imensa maioria dos alunos e dos professores que participa desses crimes de invasão não sabe por que está ali. Esse suscetível rebanho se acostumou a exigir, a reivindicar. Os professores, mesmo os ingênuos idiotas úteis, em sua maioria querem melhores salários, o que é justo, mas exigem também todas os direitos que viram regalias típicas no contexto do funcionalismo público brasileiro; não querem resolver o problema, querem fazer parte do problema. 
Duvida? Ouse falar-lhes em “meritocracia”. Já os estudantes, mesmo os não-esquerdizados, também estão mal-acostumados a exigir direitos e fugir de deveres. E a todos – alunos e professores – agrada a idéia de fazer parte de algo grandioso, contestador, capaz de modificar a sociedade; e, se não tiverem de pensar muito, somente tendo de cerrar o punho e gritar alto, então, é o melhor dos mundos. E isto é tudo. Caminham docilmente no brete ideológico construído em anos de dominação, conduzidos por uma elite política, sindical e terrorista que sabe muito bem o que faz e que está interessada em muitas coisas – todas muito, muito distantes de remunerações justas e meritórias para professores e de melhores condições materiais de ensino e aprendizagem.
Não é por acaso que as lideranças falam sempre as mesmas coisas, de forma frenética e incontinente; também, não é por acaso que o rebanho titubeia, gagueja, solta as palavras-chave ao ar de forma imprecisa e desconectada – a diferença que há entre estes e aqueles é o nível de domínio da mentira, é a capacidade e a disposição para decorar os argumentos das causas aparentes. Em resumo: como tudo na esquerda, é tudo mentira, afetação, falsidade, mendacidade.

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