Rio, cidade segura
Merval Pereira - O Globo
O ministro da Defesa garante
que todos os procedimentos estão sendo cumpridos, e o caderno de
encargos do Comitê Olímpico Internacional (COI) está sendo respeitado
rigorosamente em relação à segurança. Pela primeira vez nas Olimpíadas
haverá um centro internacional de inteligência com a presença de
representantes de serviços secretos e inteligência de 106 países já
confirmadas.
A primeira questão a resolver da segurança era a
salarial. Se o dinheiro da União não chegasse, cinco dias depois toda a
frota do governo estadual estaria paralisada, porque as locadoras não
recebiam há meses, e iam retirar os carros, segundo o governador em
exercício Francisco Dornelles.
O presidente da Petrobras, Pedro
Parente, mandou avisar que a estatal suspenderia no dia 14 deste mês
todo o fornecimento de combustível. A crise econômica fez com que a
situação da segurança no Rio se agravasse a partir de março deste ano,
por falta de dinheiro para combustível, para pagamentos de viaturas,
compra de armas.
As forças de segurança decidiram então dar
visibilidade ao papel das Forças Armadas e da Defesa porque começou a se
instalar um clima de terra de ninguém. A frase do prefeito Eduardo Paes
para a CNN sobre a segurança ser “terrível” consolidou a sensação de
insegurança na cidade.
Ficou decidido que seria preciso comunicar
tudo o que estava sendo feito, para reduzir o efeito psicológico da
frase do Prefeito. Como os militares têm obsessão por planejamento,
organização, uma cultura voltada para isso, o ministro Jungman garante
que tudo o que o COI determinou foi feito.
Começar a comunicar essa
situação, a mostrar as tropas nas ruas, o Centro de Integração e
Controle, foi uma maneira de fazer uma contra narrativa para garantir
que a segurança não ia ficar à matroca. O governador Dornelles pediu
aumento do efetivo do Exército, e foram deslocados mais 3.500 homens
para que a polícia pudesse fortalecer o trabalho nas comunidades.
Um
patrulhamento ostensivo começou a ser feito, muito antes do que estava
previsto. Num dia normal, há cerca entre cerca de 7 e 8 mil policiais
fazendo o policiamento no Rio de Janeiro. Durante os jogos, serão cerca
de 50 mil homens.
O histórico mostra que há uma queda de 33% na
violência quando as Força Armadas estão fazendo o patrulhamento. Segundo
o ministério da Defesa, só veio a elite, gente treinada que esteve no
Haiti, na Maré, paraquedistas, fuzileiros navais. O ministro Gilmar
Mendes, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral já está se
mexendo para pedir que permaneçam no Estado até as eleições municipais.
Embora
desde 2007 grandes eventos internacionais tenham acontecido no Rio sem
problemas, as autoridades não relaxaram na organização das Olimpíadas.
Mesmo com as incertezas provocadas pelo terrorismo, têm mantido uma
relação de troca de informações com todos os sistemas de inteligência
mundo afora.
A embaixadora dos EUA esteve recentemente com o ministro
da Defesa Raul Jungman e disse que os serviços de inteligência dos dois
países estão bem alinhados, e que não há nenhum indicativo potencial de
ação de terrorismo durante os Jogos do Rio.
Com relação à denúncia
de que havia um brasileiro sendo treinado para um ataque à delegação da
França, ela soou estranho às autoridades brasileiras que vêm trabalhando
há mais de 2 anos com o serviço secreto francês, e nunca lhes foi
informado nada a respeito.
Diante do atentado em Nice, na
França, será ampliado o número de barreiras, de pessoal cuidando dos
setores, mas aumentará também o desconforto dos cidadãos que forem aos
Jogos, para aumentar a segurança. Uma das delicadezas da segurança é que
os ingressos são impressos online, e a checagem vai ser rigorosa para
evitar ingressos falsos.
O ministro da Defesa Raul Jungman reconhece
que os problemas da Guarda Nacional demonstram que sua organização tem
que ser revista. O ministro da Justiça Alexandre Moraes tem um projeto
para dar um caráter permanente a ela, como acontece nos Estados Unidos
com a Força Nacional.
Atualmente ela tem apenas 200 homens
permanentes, e depois tem que recrutar nos Estados, contar com a boa
vontade dos governadores. Na opinião do novo governo, a Força Nacional
permanente deveria assumir o papel de controle da ordem e das fronteiras
para atuar em conflitos internos sem que o Exército precisasse
intervir.
Por todas as medidas tomadas, o ministro da Defesa Raul
Jungman concorda com a nova frase do prefeito Eduardo Paes, que agora
diz que o Rio será, durante as Olimpíadas, a cidade mais segura do
mundo.
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