domingo, 17 de julho de 2016

Rio, cidade segura
Merval Pereira - O Globo
Uma prova de obstáculos. Assim o ministro da Defesa Raul Jungman define a situação da segurança pública no Rio de Janeiro para as Olimpíadas, num país em crise econômica e política e num Estado oficialmente em estado de calamidade.
O ministro da Defesa garante que todos os procedimentos estão sendo cumpridos, e o caderno de encargos do Comitê Olímpico Internacional (COI) está sendo respeitado rigorosamente em relação à segurança. Pela primeira vez nas Olimpíadas haverá um centro internacional de inteligência com a presença de representantes de serviços secretos e inteligência de 106 países já confirmadas.
 A primeira questão a resolver da segurança era a salarial. Se o dinheiro da União não chegasse, cinco dias depois toda a frota do governo estadual estaria paralisada, porque as locadoras não recebiam há meses, e iam retirar os carros, segundo o governador em exercício Francisco Dornelles.
 O presidente da Petrobras, Pedro Parente, mandou avisar que a estatal suspenderia no dia 14 deste mês todo o fornecimento de combustível. A crise econômica fez com que a situação da segurança no Rio se agravasse a partir de março deste ano, por falta de dinheiro para combustível, para pagamentos de viaturas, compra de armas.
As forças de segurança decidiram então dar visibilidade ao papel das Forças Armadas e da Defesa porque começou a se instalar um clima de terra de ninguém. A frase do prefeito Eduardo Paes para a CNN sobre a segurança ser “terrível” consolidou a sensação de insegurança na cidade.
Ficou decidido que seria preciso comunicar tudo o que estava sendo feito, para reduzir o efeito psicológico da frase do Prefeito. Como os militares têm obsessão por planejamento, organização, uma cultura voltada para isso, o ministro Jungman garante que tudo o que o COI determinou foi feito.
Começar a comunicar essa situação, a mostrar as tropas nas ruas, o Centro de Integração e Controle, foi uma maneira de fazer uma contra narrativa para garantir que a segurança não ia ficar à matroca. O governador Dornelles pediu aumento do efetivo do Exército, e foram deslocados mais 3.500 homens para que a polícia pudesse fortalecer o trabalho nas comunidades.
Um patrulhamento ostensivo começou a ser feito, muito antes do que estava previsto. Num dia normal, há cerca entre cerca de 7 e 8 mil policiais fazendo o policiamento no Rio de Janeiro. Durante os jogos, serão cerca de 50 mil homens.
O histórico mostra que há uma queda de 33% na violência quando as Força Armadas estão fazendo o patrulhamento. Segundo o ministério da Defesa, só veio a elite, gente treinada que esteve no Haiti, na Maré, paraquedistas, fuzileiros navais. O ministro Gilmar Mendes, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral já está se mexendo para pedir que permaneçam no Estado até as eleições municipais.
Embora desde 2007 grandes eventos internacionais tenham acontecido no Rio sem problemas, as autoridades não relaxaram na organização das Olimpíadas. Mesmo com as incertezas provocadas pelo terrorismo, têm mantido uma relação de troca de informações com todos os sistemas de inteligência mundo afora.
A embaixadora dos EUA esteve recentemente com o ministro da Defesa Raul Jungman e disse que os serviços de inteligência dos dois países estão bem alinhados, e que não há nenhum indicativo potencial de ação de terrorismo durante os Jogos do Rio.
Com relação à denúncia de que havia um brasileiro sendo treinado para um ataque à delegação da França, ela soou estranho às autoridades brasileiras que vêm trabalhando há mais de 2 anos com o serviço secreto francês, e nunca lhes foi informado nada a respeito.

Diante do atentado em Nice, na França, será ampliado o número de barreiras, de pessoal cuidando dos setores, mas aumentará também o desconforto dos cidadãos que forem aos Jogos, para aumentar a segurança. Uma das delicadezas da segurança é que os ingressos são impressos online, e a checagem vai ser rigorosa para evitar ingressos falsos.
O ministro da Defesa Raul Jungman reconhece que os problemas da Guarda Nacional demonstram que sua organização tem que ser revista. O ministro da Justiça Alexandre Moraes tem um projeto para dar um caráter permanente a ela, como acontece nos Estados Unidos com a Força Nacional.
Atualmente ela tem apenas 200 homens permanentes, e depois tem que recrutar nos Estados, contar com a boa vontade dos governadores. Na opinião do novo governo, a Força Nacional permanente deveria assumir o papel de controle da ordem e das fronteiras para atuar em conflitos internos sem que o Exército precisasse intervir.
  Por todas as medidas tomadas, o ministro da Defesa Raul Jungman concorda com a nova frase do prefeito Eduardo Paes, que agora diz que o Rio será, durante as Olimpíadas, a cidade mais segura do mundo.

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