sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Cálculo de perda da estatal enfurece Dilma Rousseff
O governo, aliás, preferia que o valor não fosse divulgado pelo conselho de administração da estatal, o que acabou acontecendo por pressão de conselheiros na reunião da terça-feira (27).
Internamente, o governo classificou o cálculo como "rudimentar", feito de maneira "amadora", porque nem sequer usou projeções importantes da empresa para definição dos valores.
Para o governo, a divulgação acabou criando a imagem de que os ativos da estatal precisam ser baixados não só por causa de corrupção mas também por incompetência administrativa.

Alejandro Bolívar/Efe
A presidente Dilma Rousseff na Costa Rica
A presidente Dilma Rousseff (PT) na Costa Rica
A presidente Dilma chegou a telefonar para Graça, em um diálogo "duríssimo", segundo seus assessores, em que cobrou explicações sobre os critérios usados.
A estimativa de R$ 88,6 bilhões só chegou ao conhecimento do governo no dia da reunião do conselho, quando também foi a primeira vez em que os conselheiros receberam os dados.
Os conselheiros consideraram que seria uma "temeridade" dar a baixa do valor total contido no relatório elaborado por consultorias independentes porque levaria a um corte em ativos bons no balanço da estatal.
O Planalto não queria a divulgação dos R$ 88,6 bilhões, mas o conselho considerou que o número acabaria vazando e a situação poderia ficar pior, levantando a suspeita de que o órgão estaria escondendo dados.
As ações da empresa recuaram 11,2% na quarta-feira, após a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2014 com dois meses de atraso e sem descontar as perdas causadas por corrupção.
Nesta quinta-feira (29), houve queda de 3,1% nos papéis da estatal. 
CONSELHO PARALISADO
Reflexo da reunião, conselheiros da Petrobras ouvidos reservadamente pela Folha dizem que o conselho está perdendo as condições para tomar decisões e que Dilma deveria alterar sua composição o mais rápido possível.
Segundo um conselheiro, a reunião mostrou que o conselho está "praticamente paralisado", acrescentando que "ninguém tem coragem de tomar uma decisãozinha qualquer que possa representar risco jurídico pela frente".
Em sua avaliação, a direção atual da presidente Graça Foster também está desgastada, totalmente refém do processo da Lava Jato.
PLANO
No Palácio do Planalto, a avaliação é que a situação do balanço acabou por desmontar a estratégia de dar "um mínimo de governança" para a empresa.
O plano passava pela troca do conselho de administração, que traria nomes fortes, da confiança do mercado (nomes como Henrique Meirelles foram cogitados), para blindar a atual gestão e garantir a continuidade de Graça no cargo.
Diante de uma gestão nitidamente mais transparente e rígida, a empresa conseguiria estancar a crise, dando uma sobrevida para a permanência da presidente da estatal, que, em um ano ou pouco mais, poderia ser substituída sem causar tanto ruído.
O novo episódio, no entanto, reforçou sua fragilidade diante da estatal e fez apressar o debate interno do governo por novos nomes para sua substituição, ainda que não haja previsões para a troca.

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