Reinaldo Azevedo - VEJA
Aos
poucos, o escândalo do petrolão começa a revelar a sua real natureza. A
defesa de Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, arrolou como suas
testemunhas cabeças coroadas do petismo, deste governo e de outros.
Estão na sua lista o atual ministro da Defesa, Jaques Wagner,
ex-governador da Bahia; Arlindo Chinaglia, candidato do PT e do governo à
presidência da Câmara, e Paulo Bernardo, ex-ministro das Comunicações.
Ele foi além: resolveu chamar também, vamos dizer assim, uma bancada
suprapartidária de deputados: Paulinho da Força (SD-SP), Arnaldo Jardim
(PPS-SP), Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) e Jutahy Magalhães (PSDB-BA).
Pessoa
está preso desde novembro. Ele é apontado como coordenador do que foi
chamado “Clube das Empreiteiras”. Em um manuscrito de sua autoria,
revelado pela revista VEJA, o empresário deixa claro que o escândalo que
veio à luz é de natureza política. Não se trata apenas de um conluio de
empresas assaltando o erário. Nas entrelinhas, fica claro que o
coordenador da festa é o PT. Tanto é assim que o autor afirma que o
Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma, está “preocupadíssimo”.
Está
escrito lá: “Edinho Silva está preocupadíssimo. Todas as empreiteiras
acusadas de esquema criminoso da Operação Lava-Jato doaram para a
campanha de Dilma. Será que falarão sobre vinculação campanha x obras da
Petrobras?”. Segundo ele, a bandalheira que passou pela diretoria de
Paulo Roberto Costa é “fichinha” perto de outros negócios da Petrobras
que também teriam servido à coleta de propina.
Pois é… Um
réu só chama como testemunha de defesa pessoas que ele acredita possam
fazer depoimentos que lhe são favoráveis. Então juntemos as duas pontas:
Pessoa deixa claro que o esquema de corrupção é muito maior do que se
investiga até agora, sugere que o tesoureiro da campanha de Dilma está
preocupado e, em seguida, chama uma penca de petistas para falar em seu
favor. A UTC, uma empreiteira baiana, chamou Jaques Wagner,
ex-governador da… Bahia! Wagner é aquele que levou para seu governo José
Sérgio Grabielli, o baiano que presidiu a Petrobras durante o período
da esbórnia. Dois mais dois continuam a ser quatro mesmo no governo do
PT.
Sim, ele
está disposto a ir fundo, parece — caso não recue, como recuou Nestor
Cerveró, que chamou Dilma e depois desistiu —, e chamou ainda a
bancadinha suprapartidária. O também baiano Jutahy Jr., do PSDB, está na
lista, além de Paulinho da Força (SD-SP), Arnaldo Jardim (PPS-SP) e
Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP). Mas a tensão do momento, nesse grupo
parlamentar, fica para Arlindo Chinaglia, candidato à presidência da
Câmara. Os petistas, não é segredo, fazem um esforço enorme para ligar
ao escândalo Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o outro candidato. Parece que
Pessoa tem outros planos para Chinaglia.
Conversei
ontem com uma fonte que conhece parte dos bastidores dessa investigação e
de seus desdobramentos. Estima-se, atenção!, que até 80 deputados e 20
senadores possam ser engolfados. Parece que os terremotos havidos até
aqui são apenas antecipações do “Big One”.
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