Volkan Bozkir, ministro turco para Assuntos da UE, visita a Espanha como principal negociador para a adesão de seu país à UE
Juan Carlos Sanz - El País
Ele afirma que é um técnico que virou político, mas depois de quase quatro décadas de carreira diplomática o ministro turco para Assuntos da UE (União Europeia), Volkan Bozkir, 64, não conseguiu se livrar de sua aparência de burocrata de Ancara, apesar de ter sido eleito deputado por Istambul em 2011 nas listas do governante Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP na sigla em turco, islamista moderado).
Em
sua primeira visita à Espanha como negociador-chefe para a adesão de seu
país à UE, Bozkir comemora que as pesquisas mostrem novamente o
interesse dos turcos pelo projeto europeu: "As últimas pesquisas
refletem que 71% dos cidadãos apoiam a incorporação à UE, contra 51% que
o faziam em 2013".
Mas em setores laicos e liberais turcos se atribui esse aumento do apoio à UE ao suposto temor da tendência autoritária de seu partido, fundado pelo atual presidente, Recep Tayyip Erdogan.
"A Turquia é um país democrático", replica o titular da pasta comunitária. "Tivemos eleições sucessivas com alta participação, de 90%. Dos 44 milhões de eleitores, o AKP ganhou o apoio de 22 milhões, 51%. É o melhor exemplo de que somos uma democracia, e não um regime autoritário."
O ministro turco mostra uma lista com o número de meios de comunicação existentes em seu país. "As críticas ao governo são constantes, com duras caricaturas do presidente Erdogan... Não se pode encontrar um nível de imprensa superior em outros países europeus", afirma Bozkir.
Apesar do bloqueio das negociações para seu ingresso na UE, Ancara conseguiu abrir em 2014 um novo capítulo de negociação (desenvolvimento regional) depois de quase cinco anos de paralisia --"desde a presidência espanhola da União, em 2010", explica.
Em 2006 houve o veto franco-alemão às negociações, depois da negativa de Ancara a aceitar os navios e aviões da República de Chipre em seu território, devido à disputa pela divisão da ilha após a invasão militar turca em 1974. A Turquia só pôde abrir 14 capítulos dos 33 previstos. "Em dois meses poderemos abrir qualquer novo capítulo e em dois anos poderíamos fechá-los todos, já que avançamos por nossa conta nas reformas legislativas. Se a UE fizer uma análise correta, não se permitirá o luxo de dizer não à Turquia", considera Bozkir.
Ele também reconhece que na vizinha Síria lutam o Hezbollah, a Al Qaeda e o Estado Islâmico contra o regime de Bashar Assad: "A Síria se transformou em um laboratório do terrorismo para praticar novos métodos de terror e de assassinato de civis".
"É verdade que chegaram jihadistas à Síria através da Turquia, mas as acusações de que a Turquia os ajudou não são verdadeiras."
O diplomata mostra em seu celular um gráfico da revista "Time" que registra a procedência de jihadistas dos diversos países europeus. "À Turquia chegam a cada ano 30 milhões de turistas. Não podemos controlar todos para ver se são terroristas jihadistas ou não. Houve um problema na hora de compartilhar informação, mas há seis meses começamos a receber dados de países da UE. Interrogamos 7.000 cidadãos europeus que figuram nas listas que nos enviaram e rejeitamos outros 1.900 em nossas fronteiras. Se contarmos com os meios necessários --coordenação estreita antiterrorista e dados de inteligência compartilhados-- poderemos melhorar os resultados."
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Mas em setores laicos e liberais turcos se atribui esse aumento do apoio à UE ao suposto temor da tendência autoritária de seu partido, fundado pelo atual presidente, Recep Tayyip Erdogan.
"A Turquia é um país democrático", replica o titular da pasta comunitária. "Tivemos eleições sucessivas com alta participação, de 90%. Dos 44 milhões de eleitores, o AKP ganhou o apoio de 22 milhões, 51%. É o melhor exemplo de que somos uma democracia, e não um regime autoritário."
O ministro turco mostra uma lista com o número de meios de comunicação existentes em seu país. "As críticas ao governo são constantes, com duras caricaturas do presidente Erdogan... Não se pode encontrar um nível de imprensa superior em outros países europeus", afirma Bozkir.
Apesar do bloqueio das negociações para seu ingresso na UE, Ancara conseguiu abrir em 2014 um novo capítulo de negociação (desenvolvimento regional) depois de quase cinco anos de paralisia --"desde a presidência espanhola da União, em 2010", explica.
Em 2006 houve o veto franco-alemão às negociações, depois da negativa de Ancara a aceitar os navios e aviões da República de Chipre em seu território, devido à disputa pela divisão da ilha após a invasão militar turca em 1974. A Turquia só pôde abrir 14 capítulos dos 33 previstos. "Em dois meses poderemos abrir qualquer novo capítulo e em dois anos poderíamos fechá-los todos, já que avançamos por nossa conta nas reformas legislativas. Se a UE fizer uma análise correta, não se permitirá o luxo de dizer não à Turquia", considera Bozkir.
Ele também reconhece que na vizinha Síria lutam o Hezbollah, a Al Qaeda e o Estado Islâmico contra o regime de Bashar Assad: "A Síria se transformou em um laboratório do terrorismo para praticar novos métodos de terror e de assassinato de civis".
"É verdade que chegaram jihadistas à Síria através da Turquia, mas as acusações de que a Turquia os ajudou não são verdadeiras."
O diplomata mostra em seu celular um gráfico da revista "Time" que registra a procedência de jihadistas dos diversos países europeus. "À Turquia chegam a cada ano 30 milhões de turistas. Não podemos controlar todos para ver se são terroristas jihadistas ou não. Houve um problema na hora de compartilhar informação, mas há seis meses começamos a receber dados de países da UE. Interrogamos 7.000 cidadãos europeus que figuram nas listas que nos enviaram e rejeitamos outros 1.900 em nossas fronteiras. Se contarmos com os meios necessários --coordenação estreita antiterrorista e dados de inteligência compartilhados-- poderemos melhorar os resultados."
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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