Ministros de Dilma vão à luta para chantagear deputados em favor de Chinaglia… Que conspiração de éticos!
Reinaldo Azevedo - VEJA
É
impressionante! Dilma produziu um resultado fiscal desastroso, a
Petrobras está na pindaíba, a energia elétrica está à beira do colapso, o
país caminha para uma recessão… Mas quê! Tudo isso é bobagem! Os
métodos não mudam. Os companheiros, definitivamente, não aprendem nada
nem esquecem nada, para lembrar frase famosa. Reportagem da
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/206112-pt-mapeia-cargos-para-pressionar-deputados.shtml
Folha publicada nesta sexta informa que o comando da campanha de
Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato do PT à Presidência da Câmara,
resolveu fazer um mapa com os nomes dos deputados da base aliada e os
cargos de que eles dispõem na máquina federal. Vale dizer: é chantagem
mesmo! A mensagem é esta: ou votam no candidato oficial ou perdem a
boquinha. Chinaglia, como sabem, disputa o cargo com Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e Júlio Delegado (PSB-MG). Petistas que ainda tentam posar de
moralistas dizem reprovar os métodos de Cunha. Foi uma tentativa de
piada.
Qualquer
pessoa razoável diria que ao mobilizar a máquina em favor de um
candidato, Dilma entra num jogo de perde-perde. Ou, parafraseando
Marina, “perde ganhando e perde perdendo”. Se Cunha for derrotado, sobra
um caldo de ressentimento; se vence, terá sido contra a máquina
oficial. Por que isso tudo? É pânico do que vem pela frente. Aonde vai
dar a Operação Lava Jato? Ninguém sabe. O presidente da Câmara tem um
papel importante na eventual recepção de uma denúncia de crime de
responsabilidade, com base na Lei 1.079, a do impeachment. O Planalto
quer alguém de absoluta confiança naquela cadeira.
É claro
que o governo tem o direito de ter as suas preferências. A questão é o
método. A reportagem informa que os ministros Miguel Rossetto
(Secretária-Geral), Pepe Vargas (Relações Institucionais) e Ricardo
Berzoini foram a campo, encarregados de lembrar a deputados da base
aliada tendentes a votar em Cunha os cargos de que dispõem na máquina.
Isso, por si, já é uma imoralidade.
A situação
seria cômica se não fosse trágica para o país. A deputada Gorete
Pereira, do PR do Ceará, aparece na planilha como eleitora de Cunha. A
frente do seu nome, vem a inscrição: “Dep. Gorete recém indicou Dnit”.
Sim, ela admite ter indicado um aliado seu para um cargo no Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes, famoso por ter sido, no
passado ao menos, um antro de corrupção. Como andará hoje? A parlamentar
diz ter sido procurada por todos os candidatos e diz com candura: “Se
quiserem usar o cargo [para me pressionar], vão quebrar a cara. Esse
cargo do Dnit é meu desde o governo passado, quando o César Borges era o
ministro”.
Então tá.
Aprendemos que a deputada é a dona de um cargo no Dnit, assim como
outros são “donos” de fatias de ministérios, autarquias, estatais… A
Petrobras só chegou à beira da insolvência porque partidos e políticos
tinham lá os “seus” cargos.
No dia 10
de fevereiro, o PT completa 35 anos. Uma das divisas de sua fundação era
“mais ética na política”. O resultado é este que vemos.
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