Números que mostram a queda dos investimentos
O Estado de S.Paulo
Um dos mais importantes indicadores dos investimentos
produtivos, o faturamento bruto da indústria de máquinas e equipamentos
fechou 2014 com péssimo desempenho. Alcançou R$ 71,2 bilhões, o que, em
valores reais, significa redução de 13,7% em relação aos resultados de
2013. O consumo aparente de bens de capital (soma da produção local com
as importações menos as exportações) atingiu R$ 108,2 bilhões, mas, na
comparação com os dados de 2013, teve desempenho ainda pior, com queda
de 15%.
Esses números, compilados pela Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), retratam a
contenção de investimentos em áreas essenciais, como infraestrutura -
sobretudo no setor de energia e transportes - e ampliação da capacidade
produtiva.
A insegurança decorrente das tensões que
marcaram a campanha eleitoral - transformada em vale-tudo por um dos
lados da disputa -, o adiamento de projetos de expansão por causa da
Copa do Mundo, a persistência da inflação alta, a fragilidade da
política fiscal e a lentidão do governo na execução do programa de
concessões de serviços públicos estão entre os principais fatores que
retardaram ou contiveram os investimentos no ano passado.
Parte
do represamento da demanda interna foi compensada pelas exportações,
que aumentaram 7,4% em relação a 2013 e alcançaram US$ 13,3 bilhões.
Mesmo tendo caído 12,1%, as importações totalizaram US$ 28,6 bilhões,
reafirmando a forte presença de fornecedores estrangeiros no mercado
brasileiro.
Mesmo tendo conquistado espaço maior no mercado
externo, porém, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos
continua a operar bem abaixo de seu potencial. Em dezembro, por exemplo,
o nível de utilização de sua capacidade instalada ficou em 69,3%, o
pior resultado mensal de toda a série estatística elaborada pela Abimaq.
Em relação a dezembro de 2013, por exemplo, a redução foi de 5,3%. A
consequência é a redução do pessoal ocupado, que totalizou, no fim do
ano passado, 242.238 empregados, o menor quadro de pessoal desde maio de
2010.
Promessas do governo de fazer da infraestrutura o
motor do crescimento continuam no papel, em razão do atraso nos
programas de investimentos públicos e nos de concessão de serviços para a
iniciativa privada. A insegurança dos investidores pode ter diminuído,
mas ainda é forte. Assim, este ano não deve ser muito melhor do que o
anterior.
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