Chefe do governo propõe um antigo ministro de Andreotti
Pablo Ordaz - El País
Tony Gentile/Reuters
Matteo Renzi, primeiro-ministro da Itália
Nunca se pode ter certeza de nada na política italiana, mas Sergio Mattarella, jurista siciliano de 73 anos com um longo passado familiar e pessoal na política, tem muitos votos para se transformar, neste sábado (31), no substituto de Giorgio Napolitano na Presidência da República.
A razão deve ser buscada em 1990. Sergio Mattarella, então ministro democrata-cristão no governo de Giulio Andreotti, se demitiu em protesto contra a aprovação de uma lei que concedia três canais de televisão ao império de mídia de Berlusconi. Depois de sua fase na Democracia Cristã (DC), Mattarella contribuiu para fundar o PD e fez parte dos governos de Massimo D'Alema, que o nomeou vice-presidente e ministro da Defesa, e de Giuliano Amato. Atualmente, é juiz do Tribunal Constitucional, mas sua biografia também é cruzada pelos golpes da máfia.
Ao apresentar sua candidatura diante da assembleia do PD, Renzi disse: "Sergio, que a partir de sábado poderemos chamar de senhor presidente, é um homem das instituições e da legalidade. E também é um homem que viveu a dor pessoalmente durante a temporada de grandes crimes da máfia". Em 1980, a Cosa Nostra assassinou seu irmão, Piersanti, então presidente da região da Sicília.
Embora a candidatura de Mattarella já tenha obtido a promessa de apoio de alguns partidos do centro político e do SEL (Esquerda, Ecologia e Liberdade), de Nicky Vendola, sua provável eleição não ocorrerá até sábado. Segundo estabelece a Constituição de 1947, nas três primeiras votações são necessários dois terços dos votos (673), enquanto na quarta já é suficiente a maioria simples (505). Por isso, as três primeiras votações --a primeira se realizou na tarde de quinta-feira-- se transformam em puro trâmite, e de fato os grandes partidos decidiram depositar a cédula em branco.
Ainda que a composição dos 1.009 "grandes eleitores" --senadores, deputados e representantes das regiões-- seja praticamente igual àquela que, na primavera de 2013, não conseguiu entrar em acordo e provocou a eleição de Giorgio Napolitano, hoje o panorama é muito mais claro. A liderança institucional e política de Renzi, reforçada durante a assembleia do PD, a decomposição paulatina do Movimento Cinco Estrelas e a agonia política de Silvio Berlusconi reduzem sensivelmente a possibilidade de surpresas de última hora.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Nenhum comentário:
Postar um comentário