Reinaldo Azevedo - VEJA
É
claro que o Brasil está à beira do apagão, que pode ser chamado,
eufemisticamente, de “racionalização de energia”. Aliás, caso o ministro
Eduardo Braga decidisse pôr em prática o que ele mesmo anunciou,
medidas de contenção de consumo teriam de ser postas em prática já. Por
quê? Segundo ele disse, se os reservatórios das usinas chegassem a 10%,
seria preciso deflagrar a operação. Chegaram. Nesta quarta-feira,
informa o Estadão,
a Hidrelétrica Três Marias, no rio São Francisco, chegou a 10,34%, e
Furnas, no rio Grande (MG), a 9,87%. Atenção! A capacidade de geração da
primeira usina é de 396 megawatts (MW). Com apenas uma das seis
turbinas em funcionamento, está gerando menos de um décimo: 36 MW.
Furnas, com capacidade de 1.216 MW, ainda tem em operação seis das oito
turbinas, mas a expectativa é que vá haver redução.
Por que a
situação é ainda mais dramática do que parece? Porque esse é o período
chuvoso. Para comparar: em janeiro do ano passado, informa o Estadão,
Três Marias contava com 28% de sua capacidade; chegou a outubro com
2,89%; Furnas tinha 47% e chegou a 11,64% em novembro. Caso não chova
muito acima de qualquer expectativa, as duas usinas caminham para a
paralisação.
O mais
impressionante é que, até agora, por motivos meramente políticos, o
governo federal se nega a fazer o óbvio: uma campanha nacional em favor
da economia de energia. E a única responsável por mais essa decisão
equivocada é Dilma Rousseff, a mesma que decidiu baixar na marra a
tarifa de energia e antecipar as concessões do setor elétrico, o que, na
prática, quebrou a área, que teve de ser socorrido com empréstimos
bilionários.
Nesta
quinta, o ministro Eduardo Braga afirmou que o governo negocia com um
grupo de bancos o alongamento do pagamento da dívida das distribuidoras,
que é de R$ 17,8 bilhões. Quer elevar o prazo de 24 para 48 meses.
Impressionante,
não é? Petróleo e energia elétrica eram as duas áreas sob os cuidados
de Dilma, aquela supergerontona, lembram-se? Ela ganhou as eleições de
2010 com essa conversa. E teve seu mandato renovado em 2014. A Petrobras
está na pindaíba, e o Brasil à beira do apagão. Não é um amador
qualquer que produz uma obra desse vulto. É preciso ser muito
incompetente.
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