Em crise pelo petrolão, estatal vai cortar investimentos e desacelerar obras. 'Trabalhamos para não ser necessário contratar novas dívidas', diz Graça
VEJA
Plataforma da Petrobras na Bacia de Campos, Rio de Janeiro
(Marcelo Sayão/EFE/VEJA)
“Este ano de 2015 trabalhamos para não ser necessário acessar e contratar novas dívidas. Em 2016 e 2017, também buscaremos o mínimo de contratação de dividas. E isso leva, sim, a um redimensionamento do plano de negócios da Petrobras", afirmou a presidente da companhia, Graça Foster nesta quinta-feira, em entrevista sobre o balanço não auditado da petroleira, divulgado na quarta.
Exploração – O ‘redimensionamento’ vai atingir uma das principais áreas da estatal, a de Exploração e Produção. A Petrobras pretende investir entre 31 e 33 bilhões de reais no setor – cerca de 25% a menos do que em 2014. O corte vai afetar sobretudo a atividade exploratória, que será reduzida ao "mínimo necessário", segundo a presidente da companhia. O diretor da área, José Miranda Formigli, afirmou que a "participação em leilão (de blocos exploratórios de petróleo) tem que ser de uma seletividade imensa para a gente avaliar se vale a pena”. A postura mostra uma mudança grande para a empresa, que sempre foi personagem principal dos leilões no Brasil.
Em outra frente, a Petrobras está revisando o cronograma de construção das obras da Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), como consequência das investigaçãoes da Lava Jato, disse o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza.
A primeira unidade (trem, no jargão do setor) de refino da Rnest entrou em operação em dezembro, mas ainda com sua capacidade limitada. Já o segundo trem de refino estava previsto para entrar em operação em maio deste ano, mas Cosenza disse que pode ser atrasado. “Estamos estudando nova data de entrada do trem dois, em funções dessas mudanças”, afirmou o diretor, durante coletiva de imprensa.
O atraso acontece porque a Petrobras está tendo que reavaliar os contratos que foram fechados com empresas suspeitas de terem participado do esquema de corrupção. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) passa por problema semelhante. Segundo Cosenza, a Petrobras está reavaliando o desenvolvimento da obra devido às denúncias.
Dividendos – Também nesta quinta, durante a apresentação dos resultados, o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, admitiu a possibilidade de não pagar dividendos a acionistas, caso a situação financeira da companhia piore. "Há a possibilidade de não haver pagamento de dividendos, essa é uma alternativa que pode ser avaliada dependendo (da situação da companhia)", disse Barbassa, sem especificar um período de tempo.
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