Julie Hirschfeld Davis - NYT
Jonathan Ernst/Reuters
O presidente Barack Obama
Enquanto o presidente Barack Obama se sentava com líderes judeus na
Casa Branca na semana passada, tentando garantir a eles seu profundo
compromisso com Israel, alguns quiseram saber se ele convidaria em breve
o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para uma visita.
Ainda não, respondeu Obama.Ele disse ao grupo que um encontro pessoal na Casa Branca provavelmente terminaria com Netanyahu expressando publicamente suas queixas a respeito das políticas do presidente, particularmente seus esforços para fechar um acordo nuclear com o Irã, segundo pessoas familiarizadas com o encontro privado, que forneceram detalhes apenas sob a condição de anonimato.
Assim, por ora, disse o presidente, ele falaria com o primeiro-ministro por telefone e um convite do Salão Oval teria que aguardar até depois do prazo de 30 de junho para negociação dos detalhes do acordo com o Irã.
Após as crescentes tensões terem dado lugar à hostilidade aberta entre os dois líderes neste ano, o governo está trabalhando para uma conciliação com Netanyahu e para demonstrar seu apoio a Israel, inclusive enviando o vice-presidente Joe Biden para falar na comemoração em Washington do Dia da Independência Israelense, na quinta-feira.
Mas como sugeriu a resposta de Obama na semana passada, diferenças substanciais nas políticas, exacerbadas por uma antiga desconfiança, permanecem entre o presidente americano e o primeiro-ministro israelense, tornando uma reconciliação pública plena improvável por ora.
Em vez disso, o governo está engajado em um esforço agressivo para tranquilizar os grupos judeus americanos e os membros pró-Israel do Congresso a respeito do acordo nuclear com o Irã, e limitar as consequências potenciais para os democratas do que se tornou um racha nas relações entre os Estados Unidos e Israel.
"Este governo é pragmático, e a questão na mesa no momento está criando as condições para um resultado razoável caso um acordo com o Irã seja fechado", disse Daniel C. Kurtzer, um ex-embaixador americano em Israel e no Egito que agora é professor em Princeton.
"Houve um momento no meio disso em que havia dúvida sobre se raiva estava substituindo as políticas", prosseguiu Kurtzer. "Mas eles recobraram o bom senso e disseram: "OK, raiva não é uma política, agora que deixamos nossa posição clara, é hora de seguir em frente".
O estender de mão pela Casa Branca representa uma mudança de posição em relação ao início deste ano, quando o governo fez pouco esforço para esconder seu ultraje após os arranjos por Netanyahu, sem conhecimento de Obama, para usar um discurso ao Congresso americano para condenar o acordo emergente do presidente com o Irã.
A presença de Biden na quinta-feira será em um evento promovido por Ron Dermer, o embaixador israelense nos Estados Unidos e um confidente de Netanyahu, a quem funcionários na Casa Branca atribuem a orquestração do discurso.
A briga esteve em evidência no mês passado, antes e depois das eleições israelenses, quando Obama e sua equipe reagiram com fúria às declarações de Netanyahu contrárias à formação de um Estado palestino e expressando alarme pelos árabes-israelenses estarem comparecendo em grande número para votar.
Apesar do pedido de desculpas de Netanyahu pelos comentários sobre os eleitores árabes e suas tentativas de voltar atrás no comentário sobre a solução de dois Estados, o presidente e outros altos funcionários disseram estar reavaliando suas opções políticas, incluindo o abandono da antiga oposição americana na ONU a uma resolução reconhecendo o Estado palestino.
Em comparação, nas últimas semanas o presidente tem falado publicamente e em termos pessoais de sua devoção a Israel e passado horas se encontrando de forma privada na Casa Branca com líderes judeus, com pouca menção a qualquer reavaliação.
"Nós estamos avaliando nossa abordagem para uma solução de dois Estados, não nosso relacionamento mais amplo com Israel", disse Jen Psaki, a diretora de comunicações de Obama. "Apesar de diferenças ocasionais em torno de políticas, nosso relacionamento é forte e duradouro, como demonstrado por nosso apoio resoluto à segurança de Israel."
A mudança de tom reflete um senso entre alguns importantes membros do governo Obama de que a rixa com Netanyahu se tornou excessiva e imprópria, ameaçando minar os esforços para formação de apoio a um acordo potencial com o Irã e minar a vantagem política dos democratas entre os eleitores judeus.
Também há um componente de aguardar para ver na estratégia do governo. Enquanto Netanyahu forma seu governo, altos funcionários disseram que estão observando que decisões ele tomará e como tratará da questão da solução de dois Estados para o conflito com os palestinos. E enquanto as negociações dos detalhes do pacto nuclear com o Irã ganham força discretamente, há pouca vantagem para Obama em incitar as divisões com Israel, que certamente aumentarão caso um acordo se materialize.
"Faz sentido e é encorajador que estejam voltando a uma linguagem que ressalte os interesses compartilhados que temos com Israel", disse Josh Block, o presidente do Projeto Israel, que busca educar o público sobre Israel. "Por outro lado, o problema da abordagem do governo para o Oriente Médio e Israel não é apenas de retórica; é um problema de conteúdo."
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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