quinta-feira, 28 de maio de 2015

Entenda a operação do FBI que prendeu Marin e outros seis cartolas na Suíça
UOL

Conheça os envolvidos no caso de corrupção que abala a Fifa
INVESTIGADO: Nicolás Leoz (86, paraguaio), erx-membro do comitê executivo da Fifa e ex-presidente da Conmebol de 1986 a 2013. Ele deixou os cargos alegando problemas de saúde. Não está entre os detidos. Norberto Duarte-23.abr.2013/AFP
Uma operação liderada pelo FBI em solo suíço levou à prisão sete dirigentes do alto escalão do futebol mundial, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marín. Entenda os motivos que levaram às detenções e o que deve acontecer com os indiciados.
Por que os Estados Unidos são responsáveis pelas prisões?
As autoridades norte-americanas alegam que as transações ilícitas foram acordadas no país e que utilizaram bancos dos Estados Unidos. Além disso, afirmam ter jurisdição sobre o caso pelo fato das empresas de mídia do país pagarem o maior valor de direitos de transmissão da Copa do Mundo.
A operação da Justiça norte-americana também teria sido motivada pelas investigações realizadas pelo ex-procurador de Justiça dos EUA Michael Garcia, contratado pela Fifa em 2014 para examinar a escolha da Rússia e do Qatar para a sede das Copas de 2018 e 2022, respectivamente (derrotando candidatura dos Estados Unidos). O relatório final apontou uma série de irregularidades, mas foi ignorado pela entidade máxima do futebol.
Quais são as acusações da investigação?
Os 14 indiciados (veja a relação abaixo) são acusados de extorsão, fraude, lavagem de dinheiro, entre outras irregularidades. A investigação aponta suborno de US$ 150 milhões (equivalente hoje a mais de R$ 450 milhões) em questões ligadas a transmissão de jogos e direitos de marketing do futebol na América do Sul e Estados Unidos.
Quanto tempo os acusados podem ficar presos?
Caso sejam condenados, os indiciados podem pegar até 20 anos de prisão por fraude, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, extorsão e obstrução de justiça. Eugenio Figueredo ainda corre o risco de ser preso por mais 10 anos por fraude no processo de naturalização e ter sua cidadania americana revogada.

O que acontece agora com os dirigentes presos?
Os Estados Unidos já pediram a extradição de Marin e dos outros seis cartolas detidos. Caso os indiciados se opuserem à extradição, será aberto um requerimento e eles permanecerão por menos 40 dias na Suíça até o desfecho do caso.
Há alguma possibilidade de Marin ser extraditado ao Brasil?
Para isso ocorrer é necessário haver um processo sobre este caso em curso na Justiça brasileira (nenhuma autoridade brasileira confirma essa informação).
Outra possibilidade é algum acordo de cooperação entre Brasil e Suíça para este tipo de crime e os Estados Unidos abrirem mão de extraditá-lo para lá (EUA).
A Embaixada do Brasil na Suíça pode prestar alguma assistência a Marin?
Para todo brasileiro preso no exterior há uma "assistência consular", ou seja, um serviço prestado pelo representação do Brasil no país. Em Zurique há um consulado brasileiro que fica à disposição do cidadão detido para atendê-lo com alguns serviços básicos, caso necessite, como indicação de advogado ou contato com a família no Brasil. Até o momento, o consulado em Zurique não recebeu nenhuma demanda de Marin, segundo o Itamaraty.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral Jerome Valcke estão envolvidos? As eleições na Fifa podem ser canceladas?
A princípio, a operação da Justiça americana não envolve os dois principais dirigentes da Fifa. A entidade já anunciou que a eleição para a presidência está mantida para a próxima sexta-feira.

Quem são os 14 acusados?
Sete dirigentes foram presos em um hotel em Zurique na operação desta quarta-feira (27):
- José Maria Marin (ex-presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa-2014, membro do comitê organizador da Fifa para torneios olímpicos)
- Jeffrey Webb (vice-presidente da Fifa, presidente da Concacaf e ex-presidente da federação das Ilhas Cayman)
- Eduardo Li (presidente da Federação Costarriquenha e membro dos comitês executivos da Fifa e da Concacaf)
- Julio Rocha (presidente da federação da Nicarágua)
- Costas Takkas (dirigente da Concacaf)
- Rafael Esquivel (presidente da Federação Venezuelana e membro do comitê executivo da Conmebol)
- Eugenio Figueiredo (vice-presidente da Fifa e ex-presidente da Conmebol e da federação uruguaia)
Os outros sete indiciados pela operação são Nicolás Leoz (ex-presidente da Conmebol), os executivos de marketing esportivo Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkis e Mariano Jinkis, além do brasileiro José Margulies, que seria o intermediário responsável por facilitar os pagamentos ilegais. Todos também tiveram seus pedidos de prisão decretados pela Justiça norte-americana.
Além dos indiciados nesta quarta-feira, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos ainda aponta outros envolvidos no esquema e que já teriam admitido culpa durante a investigação. Entre eles está o empresário brasileiro J. Hawilla, da empresa de marketing esportivo Traffic, que se comprometeu a devolver US$ 151 milhões.
As Copas de 2018 e 2022 podem mudar de país?
A Fifa anunciou que Rússia e Qatar seguem mantidos como sedes das próximas Copas do Mundo. Porém, autoridades suíças apreenderam documentos e computadores na sede da Fifa em busca de indícios de irregularidades na escolha dos dois países para abrigar os Mundiais de 2018 e 2022.

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