Alguns dos novos governantes saídos das eleições de 24 de maio estão questionando os festejos tradicionais com bois bravos
Andreu Manresa, Cristina Huete, Ignacio Zafra, Maiol Roger e Aitor Bengoa - El País
Festival de São Firmino, na Espanha, tem protesto, festa e muita correria
14.jul.2015
- Folião é derrubado por um touro durante o festival de São Firmino, em
Pamplona, na Espanha. Pessoas de todo o mundo participaram do evento
que durou oito dias - Álvaro Barrientos/AP
Os festejos taurinos recebem estocadas em grande parte da geografia espanhola. As eleições municipais e autonômicas de maio propiciaram a chegada ao poder de formações que não veem com bons olhos esses espetáculos, nem as subvenções de que gozavam até agora. Uma dúzia de municípios, entre eles Alicante e Huesca, deverão convocar referendos para decidir se essas festas serão proibidas. Somada à proibição que pesa sobre as corridas de touros na Catalunha há cinco anos, essa tendência faz que os eventos taurinos sejam mais questionados que nunca na Espanha.
Os festejos taurinos recebem estocadas em grande parte da geografia espanhola. As eleições municipais e autonômicas de maio propiciaram a chegada ao poder de formações que não veem com bons olhos esses espetáculos, nem as subvenções de que gozavam até agora. Uma dúzia de municípios, entre eles Alicante e Huesca, deverão convocar referendos para decidir se essas festas serão proibidas. Somada à proibição que pesa sobre as corridas de touros na Catalunha há cinco anos, essa tendência faz que os eventos taurinos sejam mais questionados que nunca na Espanha.
Madri - cidade amiga dos animais
Na capital, a corporação liderada pela prefeita Manuela Carmena (Agora Madri) renunciou ao palco que tinha reservado na Praça de Las Ventas. Carmena anunciou sua intenção de transformar a capital em "cidade amiga dos animais" e defendeu a eliminação de subvenções a escolas e espetáculos taurinos.Valência - onda antitaurina
A Comunidade Valenciana viveu uma reação em cadeia de medidas que põem em xeque os festejos taurinos. O novo governo autonômico anunciou que deixará de subvencionar esses eventos e estuda reverter a declaração de Bem de Interesse Cultural que o Partido Popular aprovou sobre a festa dois meses antes das eleições. Na cidade de Valência, o novo prefeito, Joan Ribó, do partido Compromisso, afirmou que não vai favorecer nem subvencionar atividades que representem maus-tratos a animais. Alicante, por sua vez, deixará de subvencionar a festa, segundo fontes da Câmara Municipal, que anunciaram, segundo diversos meios de comunicação, que a partir de 2017 a praça municipal não abrigará touradas. O recém-estreado governo tripartite na prefeitura promoverá um referendo para se declarar cidade antitaurina.A cidade de Gandia suprimiu as touradas por considerá-las maus-tratos a animais e pelo gasto público. Alzira deixará de autorizar as corridas de touros nas ruas. Outras (Xàtiva, Sueca, Aldaia, Simat de Valldigna, Benifaió e Tavernes de Valldigna) vão organizar consultas para decidir se mantêm os festejos com touros. Em Denia, a prefeitura hesita sobre a convocação de um referendo sobre os "bous a la mar", em que os animais acabam na água. Llíria reduziu os dias de festas taurinas de dez para quatro. E em Paiporta o prefeito do Compromisso pactuou com o setor taurino local para destinar a subvenção à compra de livros escolares.
Aragão - fim das subvenções
Em Zaragoza, a equipe municipal liderada pelo prefeito Pedro Santisteve, do Zaragoza em Comum, reuniu-se com as associações de moradores da capital e de seus distritos rurais para anunciar que não subvencionará mais festejos que incluam atividades como corridas de touros. A decisão, salienta a prefeitura, não afeta as "vaquillas" (corridas de novilhas, sem danos físicos aos animais). Huesca também pretende organizar um referendo para decidir se proíbe as touradas.Galícia - suspensão da feira
O prefeito de La Coruña, Xulio Ferreiro, da Maré Atlântica, extinguiu de forma antecipada o contrato com a empresa promotora da feira taurina que se realizava tradicionalmente na cidade nos primeiros dias de agosto. Ferreiro argumentou que rescindir o contrato corresponde ao "interesse público". A cidade economizará 50 mil euros, explicou.Baleares - medida simbólica
Em Palma de Maiorca, o Pacto de Cort (PSOE-Podemos-Més) prevê declarar-se no próximo plenário "cidade livre de maus-tratos a animais e antitaurina". Entretanto, no que se relaciona às touradas, a medida fica em um plano simbólico, já que a arena da cidade, o Coliseo Balear, é propriedade privada e funciona sob uma licença autonômica de atividade. Por isso a tourada anual, prevista para 6 de agosto, se mantém na agenda.A Prefeitura de Palma pedirá ao Parlamento balear que modifique a atual lei autonômica de proteção animal de 1992 para proibir a tauromaquia em todas as suas formas. Em Baleares já foram apresentadas cerca de 130 mil assinaturas para pedir a proibição dos festejos taurinos nas ilhas. Além de Palma, outros 19 municípios se declararam antitaurinos.
País Basco - San Sebastián, a exceção
A capital guipuzcoana vai na contracorrente. O PNV desbancou da prefeitura a coalizão Bildu, e uma das primeiras medidas do novo prefeito, Eneko Goia, foi suspender a proibição de realizar corridas na Praça de Illumbe. O veto estabelecido pela Bildu em San Sebastián contrastava com a situação na localidade próxima de Azpeitia, núcleo de atividades taurinas governado pela formação abertzale [nacionalista basca], onde se permitem as touradas. Assim, nas próximas festas da Semana Grande os touros voltarão à arena, em uma das duas feiras que serão transmitidas ao vivo pela Rádio Televisão Espanhola (RTVE).Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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