terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Este texto foi escrito inspirado na composição de Fauré chamada Pavane.
Pequena princesa, de pele morena, seios morenos com mamilos escuros, olhos sagazes, que não são pegos em exames. De corpo delgado, elegante, desfilas ante a todos os súditos, de ventre lisos e de mãos e pés esculpidos com maestria. Prometeu-me amizade. E eu ofereci à ela a minha vida. Estendeu-me a mão, e caminha solene pelos labirintos insondáveis que carregamos conosco. São caminhos diferente, mas que darão num só lugar. Aí, saberemos quem realmente somos.
Paulo Mello
Este texto foi inspirado na composição de Stravinsky chamada A Sagração da Primavera.
O vento longínquo
trouxe-me da sempre misteriosa Núbia,
uma princesa, esculpida no mais puro ébano.
Longilínea,
sorri-me com os seus dentes de marfim,
brancos a não mais poder.
E foi sorrindo que,
num rápido gesto de suas mãos de felina pantera,
que suas vestes foram ao chão.
Seus seios negros de mamilos escuros
cumpriu a função de seduzir-me,
suas coxas entrelaçaram as minhas
e nos fizemos uma só criatura.
Seus olhos negros, incisivos me capturaram.
Abandonei a minhsa sanidade e
resolvi amá-la com a intensidade de um lobo da estepe.
Ela levantou-se apontou o oriente,
sorriu e foi novamente levada pelo vento.
Sei que na Núbia serei um príncipe,mas,
espero que desse encontro,
resulte uma menina, tão bela quanto a mãe.
E cujo nome tu bens sabes qual é.
Paulo Mello
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Este texto foi escrito baseado numa composição de Rachmaninoff chamado Vocalise.
Em meio ao caos e desespero,
ainda lambendo as minhas feridas e,
temendo que se transformem em mais cicatrizes;
ainda não consigo suportar a idéia.
Mais parece uma morte lenta e dolorosa, a tua ausência.
Tu, que tens o mais belo sorriso,
a risada mais encantadora,
olhos negros castos,
longos negros cabelos (batiam na cintura, até!),
com um corpo branco e magro de bailarina abandona-me e,
me enlouqueces:
não sei se tu és a figura diáfana,
que ao tentar tocá-la,
o vento foi mais rápido e a desfez.
Ou então, realmente,
não passei de um traço,
rabiscado por alguém num momento de insensatez,
traço que agora desaparece
ante um breve movimento
das tuas belas mãos.
Sempre tuas belas mãos.
Paulo Mello
Este poema foi inspirado numa composição de Mussorgsky chamada The Old Castle:
Mansa e silenciosa,
ela atravessa o salão da antiga construção.
Seus pés brancos e delicados, descalços,
praticamente não tocam o chão.
Sua cintura delgada, quadris largos e seios generosos
são ressaltados pelas transparências de suas vestes.
Os seios apontam na direção inequívoca da volúpia,
mas tudo isso num tom de encanto,
de magia.
Os cabelos muito negros e muito curtos, deixam
exposta a bela nuca, alvíssima e acetinada ,
e os olhos negros não deixam dúvida quanto
às suas intenções.
Ao primeiro beijo molhado,
já me encontro aos seus pés.
Paulo Mello
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
DOR E SOLIDÃO.
"Te amo mais que a minha própria vida, não se esqueça disso. Depois da despedida, o sono não vem e as noites não têm fim."
e. e. cummings
"moça, já que seu passo
é mais frágil que tudo,
que vive, que tudo que respira
na terra e no mar
porque teu corpo é mais novo.
um sonho (hábil que imita e interiramente que figura
você mesma um sonho hábil e inteiramente em movimento
com dedos, em sonho com pequenos seios empinados
e com pés) me toca
através do dia escassa e timidamente:
enquanto, junto a mim a noite longa e sobre
mim, sempre sinto mover súbita e profundamente
você tão feliz de estar viva
vocâ arroubo íntimo de coxas quentes
grossas, perfeitamente que me rouba; ou como o mar
que sábio rouba hábil e interamente a terra ignorante."
LUNAR, ESTA BELEZA - W.H.AUDEN
"Lunar, esta beleza
è primeva, inteira,
Não tem nunhuma história. Se a beleza mais tarde
Exibe algum traço,
Foi porque teve amante,
Já não é como antes.
Nisto, qual em sonho,
Vige um outro tempo,
Perdido se o dia
De tudo se apropria.
O tempo são centímetros
E mudanças de alma
que o espectro assumbrou,
Perdeu e desejou.
Mas isto, por certo,
Não foi coisa de espectro,
Nem espectro, ela finda,
Sentiu-se a gosto, ainda,
Enquanto persista,
Nem se chega amor
A tal doçura e a dor
Tampouco lhe vem dar
seu infinito olhar"
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
AOS QUE SONHAM
"Não se pode sonhar impunimente
um grande sonho pelo mundo afora,
porque o veneno humano não demora
em corrompê-lo na íntima semente...
Olhando no alto a árvore excelente,
que os frutos de ouro esplêndidos enflora,
o sonhador não vê, e até ignora
a cilada rasteira da serpente.
Queres sonhar? Defende-te em segredo,
e lembra, a cada instante e a cada dia,
o que sempre acontece e aconteceu."
R. L.
O texto acima parece que fala de nós
e das pessoas sórdidas que
existem em Pekenápolis.
Cidade pequena, com povo
de moral menor ainda.
SONETO
"Vieste tarde, meu amor. Começa
em mim caindo a neve devagar...
Morre o sol; o outono vem depressa
e o inverno finalmente há de chegar.
E se hoje andamos juntos, na promessa
de caminharmos toda vida a par,
daqui a pouco o teu amor tem pressa
e o meu, daqui a pouco, há de cansar.
Dentro em breve, por trás das velhas portas,
dando um ao outro só palavras mortas
que rolam mudas sobre as nossas vidas,
ouviremos, nas noites desoladas,
tu, a canção das vozes desejadas,
eu, o chorar das vozes esquecidas."
N. C.
domingo, 7 de dezembro de 2008
Enquanto o sono não vem.
depois do que aconteceu, ele não virá.Teu corpo branco e magro
teus seios pequenos e róseos, que ao toque da minha lingua áspera
se transformam
me fascinam as tuas mão, brancas, de finos dedos longos.
Eu queria tanto te dizer, mas enrubesce fácil, você, menina.
Galatéia, preciso de você.
Nua e fresca como as noites na minha Toscana!
És o sopro suave
da brisa que acolhe
os meus amados girassóis
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
HERMANN HESSE
Lobo da Estepe
Lobo da estepe, vou trotando, trotando.
O mundo cobre-se todo de neve.
De uma bétula, sai voando um corvo;
mas em nenhum lugar se vê uma lebre,
não se vê uma gazela.
Com as gazelas sou tão delicado,
Ah, se uma aparecesse!
Tomá-la nas garras, nos dentes:
não há coisa mais linda.
Aos mansos, mostro o meu bom coração:
em seus tenros pernis enterraria suavemente os dentes.
e o sangue claro eu iria sorvendo até mais não poder
para ficar depois a noite inteira uivando em solidão
Uma lebre já me contentaria:
mornas carnes de gosto doce à noite.
- Mas será que de mim se esconde tudo
que torna a vida um pouco mais bonita....
Em minha cauda o pêlo já branqueia
e eu já não tenho a vista tão certeira;
faz anos que morreu-me a companheira.
Agora vou eu trotando e sonhando com gazelas,
vou eu trotando e sonhando com lebres,
ouvindo o vento a zunir na noite de inverno;
engulo neve, a ver se a goela se acalma,
e vou seguindo com o diabo na alma.
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