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FSP - Editorial
Rigor do Mercosul vale para Paraguai, mas não para Venezuela, que deve trazer a mentalidade antimercado de Hugo Chávez para o bloco
Num excessivo protesto contra o impeachment do presidente paraguaio, os demais membros do Mercosul -Brasil, Argentina e Uruguai- suspenderam a participação do parceiro no bloco até que o país eleja seu próximo mandatário, em abril de 2013.
O impedimento parlamentar de Fernando Lugo atropelou o direito de defesa e os limites do razoável, mas se ateve ao estipulado pela Constituição democrática do Paraguai. Ao excesso da suspensão, os membros do Mercosul acrescentaram a inclusão da Venezuela como sócia efetiva do bloco.
Aprovada pelos demais países, sua admissão dependia do Senado paraguaio. Torna-se agora fato consumado, ainda que o Paraguai não tenha sido expulso, mas suspenso. Caso repila a Venezuela ao retornar, será revertida a decisão, já que o Mercosul delibera por consenso?
Dois pesos, duas medidas. O rigor empregado contra a pressa do impeachment paraguaio é desmentido pela complacência perante a escalada autoritária na Venezuela.
Ali, sim, sob aparências de formalidade democrática, um mesmo dirigente governa há 13 anos, a tutelar o Congresso e o Judiciário, a intimidar adversários, a cercear a imprensa, utilizando todos os recursos do Estado para perenizar seu poder pessoal.
A inclusão da Venezuela adicionará problemas ao já problemático funcionamento do Mercosul.
O bloco deveria ser uma zona de livre-comércio, na qual ficariam suprimidas barreiras e tarifas entre os países-membros. Com o tempo, evoluiria para uma união aduaneira, em que estariam obrigados a manter a mesma política comercial em relação a qualquer outro país.
Sendo união aduaneira desde o início, o Mercosul crivou-se de exceções a proteger este ou aquele setor econômico influente em cada país associado. A pretexto de que o bloco seria estratégico a longo prazo, o Brasil pagou o maior preço em concessões.
No Mercosul a Venezuela terá poder de veto sobre acordos comerciais dos colegas com terceiros. E o regime do presidente Hugo Chávez não se resume à velha inclinação de sacrificar o cerne da democracia -o direito ao dissenso- no altar das maiorias plebiscitárias.
Reincide nas crendices econômicas da esquerda mais rudimentar, hostil ao empreendimento privado e à segurança jurídica dos contratos, avessa aos fundamentos do próprio comércio. Más notícias para o Mercosul.
A nota patética coube ao Itamaraty, que exibiu desinformação amadorística sobre a política paraguaia para depois secundar, alegando conter, a diplomacia atrabiliária ditada pelas agruras domésticas da presidente Cristina Kirchner.
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