Reinaldo Azevedo - VEJA
Ficou difícil, a esta altura, encontrar alguém que defenda o pacote do governo. E, o que é mais impressionante, isso vale também para a base aliada e até para ministros da presidente.
Vamos ver. Qual é o sentido de se ter um Armando Monteiro (PTB), no ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior? Não é pelo PTB, um partido que hoje está mais fora do que dentro do governo — se bem que é difícil haver uma legenda da base aliada que não viva a mesma situação.
O sentido
de ter Monteiro na equipe é a sua interlocução com o empresariado, em
especial o setor produtivo, uma vez que já foi presidente da
Confederação Nacional da Indústria.
Muito bem!
Dilma decidiu cassar 30% dos recursos do chamado Sistema S, que
alimentam alguns dos programas mais virtuosos do setor empresarial,
inclusive aqueles ligados ao ensino e à qualificação de mão de obra.
A
sabedoria convencional estaria a indicar que, antes de tomar tal medida,
a presidente devesse chamar seu ministro e tentar convencê-lo da
necessidade de tal medida.
Mas, como
sabemos, isso não aconteceu. E não restou a Monteiro outra coisa. Teve
de passar o recibo de desinformado, mas não passou vexame perante a
categoria da qual é originário nem resolveu comprar briga com ela.
Indagado a respeito da medida, afirmou:
“Embora não tenha participado de forma direta, eu entendo que o melhor desenho seria uma solução negociada. O sistema, por todas as razões, compreende as dificuldades que o país vive, e eu acho que haveria disposição para poder oferecer uma contribuição nessa hora, a partir de um modelo negociado, de parceria”.
“Embora não tenha participado de forma direta, eu entendo que o melhor desenho seria uma solução negociada. O sistema, por todas as razões, compreende as dificuldades que o país vive, e eu acho que haveria disposição para poder oferecer uma contribuição nessa hora, a partir de um modelo negociado, de parceria”.
E isso foi
tudo o que não aconteceu. Assim como Dilma decidiu, olimpicamente,
enviar um Orçamento com um rombo de R$ 30,5 bilhões, também
olimpicamente decidiu mudar de ideia, anunciando que iria tomar dinheiro
aqui e ali, o que inclui a brasileirada, a quem ela quer impor a CPMF,
agora com novo nome: CPPrev.
Não é só o
Sistema S. O governo pretende ainda mexer com outra área de sua pasta:
decidiu reduzir os benefícios do programa Reintegra, que devolve a
exportadores uma parte dos custos da operação. Nesse caso, o objetivo é
economizar R$ 2 bilhões.
Afirma Monteiro:
“Na medida em que você instabiliza as regras, e, nesse caso, é muito importante a previsibilidade das regras, isso afeta o calculo econômico do exportador, e o setor já havia dado uma contribuição quando se negociou a redução de 3% para 1%”.
“Na medida em que você instabiliza as regras, e, nesse caso, é muito importante a previsibilidade das regras, isso afeta o calculo econômico do exportador, e o setor já havia dado uma contribuição quando se negociou a redução de 3% para 1%”.
É claro que Dilma deveria ter negociado tais medidas com o ministro da área. Mas ela tem seu próprio jeito de fazer as coisas.
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