Consumidores hesitam em elevar gastos
O Estado de S.Paulo
Em março, a confiança dos empresários do comércio caiu em
relação a fevereiro e a março de 2013, segundo a Sondagem do Comércio
do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV). Sem que haja sinais de
demanda firme por parte dos consumidores, os comerciantes constatam que a
situação atual é fortemente negativa, abrindo-se, no entanto,
expectativas melhores quanto ao futuro.
A pesquisa do Ibre-FGV confirma os indicadores já exibidos na
Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE): o comércio de produtos básicos (o chamado varejo
restrito), a começar da alimentação, mantém-se em ritmo mais forte do
que o de itens como automóveis e material de construção (o chamado
varejo ampliado), em que a queda é mais acentuada. Especialistas já
constatam que consumidores que deixaram de procurar os itens de valor
mais elevado aumentaram compras de produtos de menor preço, inclusive em
supermercados.
No primeiro trimestre, o Índice de Confiança do Comércio (Icom)
registrou queda de 2,1% em relação ao mesmo período do ano passado,
acentuando a desconfiança comparativamente aos trimestres terminados em
janeiro e fevereiro, quando as quedas foram menores (-1,6% e -1,2%,
respectivamente). No varejo restrito, o Icom caiu 0,5%, em fevereiro, e
0,9%, em março, enquanto no varejo ampliado as quedas foram maiores, de
1,8% e 2,7%.
Não se trata, por ora, de uma recessão no varejo, mas da continuidade
de uma desaceleração que se repete, ano a ano, desde 2010. O
crescimento do varejo ainda é projetado em 4% ao ano pelo economista
Aloísio Campelo, da FGV, comparado a cerca de 8% ao ano, em 2012.
Os piores indicadores aparecem no Índice de Situação Atual, que ficou
abaixo dos 100 pontos entre março de 2013 e novembro de 2013 e voltou a
se situar nesse patamar em fevereiro e março deste ano (100 pontos
representam o termo médio, abaixo do qual a confiança do comércio está
no campo negativo).
Outro levantamento, da Federação do Comércio (Fecomércio), aponta na
mesma direção: o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec)
caiu 1,2% entre fevereiro e março, após ter caído 6% entre janeiro e
fevereiro. Também neste caso o índice continua na faixa positiva, acima
dos 100 pontos.
As pesquisas refletem a insegurança das famílias e das empresas com os rumos da economia, marcada por inflação e juros em alta.
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