Reinaldo Azevedo -VEJA
Lá
em Dois Córregos e, suponho, em quase todo o país, é bastante conhecida
a frase, cuja origem não requer grandes voos interpretativos, que
assegura: “Quanto mais mexe, mais fede”.
É o que me
ocorre ao ler reportagem de Robson Bonin na VEJA desta semana. Apareceu
um novo personagem nas, digamos, “conversas” que José Eduardo Cardozo,
ministro da Justiça andou mantendo com advogados de empreiteiras. Leiam
texto publicado na VEJA.com:
*
Flagrado em conversas impróprias com
advogados das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tornou-se alvo de um processo
na Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Os
integrantes do órgão deram dez dias para que explique seus encontros
fora da agenda com advogados de empreiteiros presos no escândalo de
corrupção na Petrobras. Na edição passada, VEJA revelou que Ricardo
Pessoa, dono da UTC, preso em Curitiba, ouviu de seus advogados que
partiu do ministro a iniciativa de chamar os defensores para uma
conversa reservada, ocasião em que foram alertados de que havia uma
reviravolta no processo.
O ministro
também argumentou sobre a inadequação de levar em frente o acordo de
delação que Ricardo Pessoa negocia com a Justiça. O empresário é
guardião de segredos letais para muitos figurões do governo. Dirigentes
da empreiteira confirmaram que, apenas no ano passado, Pessoa entregou
30 milhões de reais para as campanhas do PT e da presidente Dilma
Rousseff, dinheiro obtido por meio de propinas de contratos
superfaturados da Petrobras.
A conversa
com os advogados em Brasília criou constrangimentos ao ministro porque,
se admitida, caracterizaria uma interferência ilegal de uma autoridade
no processo judicial. Cardozo, primeiro, negou. Depois, admitiu o
encontro, que teria sido “casual”, mas não confirmou ter falado sobre
delações ou investigações da Operação Lava-Jato. Há um novo personagem
nessa história. Segundo executivos da UTC, para estabelecer um canal
direto e seguro com os defensores da empreiteira, o ministro Cardozo
recorreu a Flávio Caetano, secretário nacional de Reforma do Judiciário,
que foi coordenador jurídico da campanha de Dilma Rousseff no ano
passado.
Caetano é
velho conhecido dos advogados da UTC, Sérgio Renault e Sebastião Tojal,
com quem chegou a trabalhar. Nos dias que antecederam o misterioso
encontro de Sérgio Renault com Cardozo em Brasília, Caetano telefonou
para Tojal para avisar que o ministro desejava encontrá-los. Procurado
por VEJA, o secretário confirmou a ligação, mas negou que tenha
repassado recados do ministro. “Flávio Caetano é amigo há mais de quinze
anos do doutor Sebastião Tojal, com quem tem mantido ao longo do tempo
parceria acadêmica. O telefonema em questão se deveu a um trabalho
acadêmico a ser publicado que ainda está em curso”, informou o
secretário por meio de uma nota.
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