O nome do jogo é credibilidade
Há grande temor de que a
perda do grau de investimento da Petrobras contamine com desconfiança
toda a economia, o que seria desastroso – e o governo, o que seria
catastrófico
VEJA
O ministro da Fazenda Joaquim Levy: diante do atoleiro
(André Coelho/Agência o Globo)
No ranking de fatores que define se as nações vão prosperar ou
manter-se no atraso, a credibilidade figura no topo. É a confiança no
futuro e nas instituições que, no fim das contas, faz com que as pessoas
firmem contratos, invistam e emprestem dinheiro umas às outras. O
economista americano e prêmio Nobel Douglass North, um dos que se
debruçaram sobre o tema, demonstrou que a solidez das instituições é uma
variável mais importante para o desenvolvimento de um país do que suas
riquezas naturais, seu bom clima ou a fertilidade de seu solo — e que é a
credibilidade que faz a diferença entre o crescimento e o atraso. O
rebaixamento da nota da Petrobras pela agência de classificação de risco
Moody’s, anunciado na semana passada, é sintoma de que o Brasil está
realizando uma perigosa inflexão para o pior dos caminhos. Hoje, aos
olhos do mundo, a maior companhia brasileira deixou de ser considerada
um investimento seguro para se tornar uma aposta especulativa. A
tendência é que em breve outras casas de avaliação de risco anunciem a
mesma conclusão. Se isso ocorrer, os efeitos para a Petrobras serão
nefastos. Mas, se a queda na confiança alastrar-se por toda a economia,
os problemas do Brasil poderão atingir dimensões calamitosas.
Com a nova nota, fecham-se para a Petrobras os portões de um mercado
de crédito de 15 trilhões de reais, três quartos do dinheiro disponível
no planeta para empréstimos de melhor qualidade — leia-se a juros mais
baixos e com exigências de garantias mais brandas. Esse mercado agora se
fecha porque a maior parte dos fundos de investimento e de pensão do
mundo só pode aplicar seus recursos em títulos de companhias e países
que tenham o selo de confiança de pelo menos duas das três grandes
agências de risco — além da Moody’s, as outras são a Standard &
Poor’s e a Fitch (que, por ora, mantêm a nota da Petrobras um nível
acima do grau especulativo). Os 5 trilhões que sobram são disputados a
cotoveladas por um contingente de companhias e países que, sem escolha,
pagam caro pelo dinheiro e são obrigados a oferecer garantias
draconianas por ele.
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