Defesa apela a funcionários para tentar eximir cúpula da Camargo Corrêa
Empregados da empreiteira
foram ouvidos nesta sexta para dar fôlego à estratégia dos advogados de
esvaziar a denúncia contra executivos
Laryssa Borges - VEJA
Na tentativa de desqualificar as acusações de que o presidente da
construtora Camargo Corrêa, Dalton Avancini, e de que o presidente do
Conselho de Administração da empresa, João Auler, participavam
ativamente do Clube do Bilhão, o cartel de empreiteiras que fraudava
contratos com a Petrobras e distribuía propina a agentes públicos, as
defesas dos executivos da construtora colheram nesta sexta-feira cinco
depoimentos de técnicos da companhia. Em comum, ouviram informações de
que a alta cúpula da empresa não ditava regras em obras, não
assinava contratos para projetos com a Petrobras e não tinha ingerência
direta em qualquer procedimento hoje alvo da Operação Lava Jato.
“[O presidente do Conselho de Administração] Não tem contato com
obras. O conselheiro não pode assinar qualquer documento, não faz
representação legal individualmente”, disse a gerente societária da
Camargo Correa, Alessandra Mendes da Silva, corroborando a linha de
defesa de que os executivos não lidavam diretamente com as obras.
“Creio que ele [Dalton Avancini] não tem ingerência sobre as obras e
não perde oportunidade de me cobrar resultados”, disse Eduardo
Maghidman, diretor operacional da empresa. “A distância entre o
presidente e uma obra é grande e ele não tem uma ingerência direta ou
participação direta nos projetos, a não ser de cobrança de resultado”,
completou o também diretor operacional Jorge Arnaldo Cury Yazbec.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, porém, para garantir
que pudessem monopolizar as grandes obras de infraestrutura,
a Camargo Correa e as demais empreiteiras destinavam uma porcentagem de
cada contrato com a Petrobras para o pagamento de propina. Segundo os
investigadores, os dirigentes da Camargo Correa teriam destinado pelo
menos 1% sobre o valor dos contratos e aditivos à Diretoria de
Abastecimento da Petrobras, então comandada por Paulo Roberto Costa. “Em
relação aos agentes da Camargo Corrêa, há diversas razões especificadas
na denúncia para a imputação, como o depoimentos dos colaboradores, o
envolvimento deles na celebração dos contratos fraudulentos, o fato de
figurarem em comunicações eletrônicas com o grupo dirigido por Alberto
Youssef ou o próprio resultado da busca e apreensão”, resumiu o juiz
Sergio Moro ao aceitar denúncia contra os executivos da companhia.
Avancini ainda assinou os contratos das obras nas quais as fraudes
foram constatadas, além de ter celebrado contrato fraudulento com a
empresa de Paulo Roberto Costa, a Costa Global, para dissimular o
pagamento de propina.
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