A farra dos cara de pau
Luislinda
conseguiu irritar e constranger todos os segmentos, inclusive os
servidores que trabalham de verdade e jamais receberão uma dinheirama
Eliziário Goulart Rocha - Blog do Augusto Nunes
A ministra dos Direitos Humanos, Luislinda
Valois, em reunião da Executiva Nacional do PSDB - 12/06/2017 (Fabio
Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Integrantes do clube dos servidores públicos
regiamente remunerados não costumam corar ao receber o holerite no final
do mês porque se consideram muito acima dos brasileiros comuns, aqueles
que dão duro para pagar seus supersalários. Com o cinismo
característico dos que se julgam escolhidos por obra divina para
participar da farra à custa do esforço alheio, quando questionados ainda
se queixam, na maior cara de pau, de supostas dificuldades para manter
um padrão de vida digno com tal salário.
Ao pedir para acumular os vencimentos de desembargadora
aposentada e de ministra dos Direitos Humanos, no total de R$ 61.400
mensais, Luislinda Valois tornou-se a mais recente graúda do serviço
público a escarnecer da cara dos pagadores de impostos. Já seria um
deboche e tanto afirmar que não consegue viver com a bagatela de R$
33.700 mensais, pois gasta muito com vestidos e maquiagem. Não bastou. A
filha de Luís e Lindaura foi adiante: comparou sua situação ao trabalho
escravo. A desfaçatez talvez surpreenda menos do que a total falta de
noção de uma desembargadora aposentada e ministra – fosse do que fosse,
mas, em tese, é pior ainda por se tratar da pasta de Direitos Humanos.
Ao tentar ser malandra e invocar a escravidão, Luislinda conseguiu
irritar e constranger todos os segmentos, inclusive os servidores que
trabalham de verdade e jamais receberão uma dinheirama dessas, e os
movimentos negros que ela, certamente, não representa. Desistir do
pleito diante da repercussão não apaga o deslize muito feio de
Luislinda. A ministra poderia ser apenas mais uma a viver num mundo de
fantasia. Converteu-se em ícone da falta de noção com a qual o
brasileiro há muito esgotou a paciência.
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