O PSDB rumo ao precipício
Bernardo Mello Franco - FSP
O PSDB deu mais um passo na direção do precipício. O dedaço de Aécio Neves
radicalizou o processo de autofagia do partido. Agora os tucanos correm
o risco de enfrentar um cisma a menos de um ano das eleições
presidenciais.
Com o filme queimado pela Lava Jato, o senador mineiro foi para o tudo
ou nada ao destituir Tasso Jereissati do comando provisório da sigla. A
intervenção implodiu as pontes que restavam entre a ala governista e o
grupo que defende o rompimento com o Planalto.
Há poucos dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avisou que o
PSDB precisava se decidir: ou deixava o governo ou assumia de vez o
papel de coadjuvante em 2018. Os aecistas parecem ter escolhido a
segunda opção. Preferiram continuar agarrados a seus quatro ministérios.
O clima agora é de guerra fratricida. Os aliados de Tasso definem sua
degola como um "golpe" articulado com Michel Temer. "Foi um ato covarde,
violento e indigno. Aécio mostrou que não tem limites para alcançar
seus objetivos espúrios", ataca o senador Ricardo Ferraço. "Já estávamos
passando por um desgaste brutal. Agora estamos vendo o PSDB cometer um
harakiri", acrescenta.
O senador Cássio Cunha Lima, que também defendia a permanência de Tasso,
reforça a metáfora do suicídio partidário. "Se deixarmos que o governo
interfira na nossa eleição interna, será o fim do PSDB", afirma.
Depois de perder quatro eleições presidenciais, os tucanos pareciam ter
caminho aberto para voltar ao poder em 2018. Em vez de aproveitar o
vento a favor, o partido se enroscou na impopularidade de Temer e nos
rolos de Aécio com a polícia. Perdeu espaço para Jair Bolsonaro e outros
aspirantes ao papel de Anti-Lula.
Hoje os dois presidenciáveis do PSDB não conseguem ultrapassar os 8% das
intenções de voto. O encontro com as urnas pode ficar ainda mais
ingrato. Basta que a convenção da sigla, no mês que vem, termine com a
debandada dos derrotados.
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