terça-feira, 9 de setembro de 2008

Bailarina - Poesia em duas cenas

Primeira Cena
"Sou um homem adulto
Foste ti que chegaste atrasada
para este encontro.
és pequena menina
de gentis gestos,
de olhos cativantes e
sorriso insinuante.
Como resolver este cruel lapso de tempo?
A resposta ocorreu-me no exato momento
que os nossos dedos se tocaram, de leve,
na correria do cotidiano:
AMANDO-TE, simplesmente.
No entanto,
Espanta-me o que tu e eu fizemos
envolvidos num frenesi interminável,
nos amamos
como dois adultos se amam.
Dos abraços
e palavras entrecortadas
à nudez dos amantes
bastou um passo.
Prefiro possuir-te,
mesmo que por este breve instante,
e ter forças para enfrentar os desastres
que estão por vir
a continuar velho e seco."
Segunda Cena
"Minha língua experiente
percorre os teus relevos e
reentrâncias misteriosas que a
tua pele jovem responde com arrepios
em plena noite quente de céu estrelado.
Minhas mãos seguram firmes as tuas,
brancas e delicadas
como as dálias
cantadas nos versos de Pessoa
Os meus lábios tocam os teus seios rosados e
a resposta de teus mamilos é imediata.
Na minha expedição ao longo do teu corpo
descubro a tua pequena mata
de pêlos negros e densos
sacio então a minha sede
nos pequenos e delicados lábios
que possuis,
ofegante menina.
Meus pés prendem os teus
Mas és tu, bailarina, que cadencia
o ritmo de nossos corpos suados
numa suave melodia
doce melodia de Fauré
A
os jatos incandescentes do meu desejo
saem
e rapidamente desaparecem em ti,
na imensidão da juventude infinita,
que num dia, tocou o meu corpo
e com volúpia, o chamou para dançar!
O despertar dos nossos corpos entrelaçados
e o gosto salgado de teus sucos
na minha boca
fazem meu coração,
pleno de vida,
pulsar mais forte."

Paulo Mello

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