Nesse exílio voluntário recebi, para a minha surpresa, um e-mail, com um pedido para um trabalho que nunca fiz. Contar a história de uma pessoa. A princípio, neguei. Mas continuei a receber mensagens e trechos daquilo que ele me contava. Na quarta-feira passada, fui convidado para um jantar, sem saber exatamente do que se tratava, mas o convite fora feito por um brasileiro, hóspede na Toscana. Quando cheguei à propriedade de um italiano simpático, fui apresentado ao tal Dimas. Olhei para o meu amigo que havia me convidado para o jantar...
Na hora, pensei: perdi a minha conversa com a Dominiquea.
Na hora, pensei: perdi a minha conversa com a Dominiquea.
Hoje não me arrependo. Dimas é um homem muito simples, jovem, bonito até. Não sabe escrever. Mas saber o que ele passou de miséria, sofrimento e que continuou íntegro, fez-me repensar a minha posição. Nós dois somos exilados, sofremos com a ausência de amigos. Os italianos veem os estrangeiros com hostilidade. Eu tenho propriedades, mas ele não. Eu tenho cidadania européia, ele não. Eu escrevo livros e leciono para brasileiros na Itália (entre outras coisas), ele é um pintor de paredes.
Eu poderia negar escrever a sua história. Depois do que li, decifrei, creio que não, não poderia me furtar a escrever a sua biografia.
A partir de hoje, passo a escrever a história desse rapaz, quase menino, que deixou família no Brasil para tentar conseguir dar uma vida mais decente à esposa e ao filho.
Em breve ele terá um blog que eu criei para ele. E no momento adequado farei postagens em nome dele.
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