Esquerda perde o rumo e tenta reescrever a História
Bloco nada aprende, mas também nada esquece.
Não admite ter trazido de volta a inflação, contra os pobres, e se
mantém ao lado da ditadura de Maduro
O Globo
Sem rumo, partidos como o PT, o PSOL, o PCdoB, o PDT e outras
organizações autodenominadas de esquerda, como a Central Única de
Trabalhadores, têm dado exemplos diários de perda de capacidade de
formular propostas realistas, construtivas, para o país. Esvaiu-se a
vivacidade com que somavam ideias ao debate nacional, mesmo quando
inspirados em modelos fracassados no século passado, como se viu na
extinta União Soviética. É lamentável, porque a vitalidade da democracia
depende da participação construtiva de todos.
Antes fecundo, o PT se mostra desértico em proposições para o país.
Subsiste em estado de negação da própria crise, de fundamentos éticos.
Limita-se à tentativa de reescrever o passado, com evidentes
falsificações da História.
O PSOL, o PCdoB, o PDT e parcela da Rede aderiram à
autodesconstrução. Está visível na Câmara e no Senado a virtual
conversão desses partidos em satélites petistas, alinhados nos dogmas e
na destruição da identidade.
Esses agrupamentos denominam-se de esquerda. É compreensível no atual
e gelatinoso universo parlamentar, mesmo quando desfilam com ideias
apropriadas do liberalismo, como é o caso das políticas de renda mínima.
Grave, porém, é a perene negativa à História. Na tentativa diária de
reescrevê-la, renegam o direito à verdade, conceito que invocaram no
campo jurídico para construir uma narrativa do passado sob a ditadura.
Abjuraram o exercício da política com o maniqueísmo. Cooptaram os
movimentos sociais. Omitem os erros nas políticas de saúde e educação — o
sistema educacional está devastado, sobretudo nas universidades, por
uma pedagogia que alinhou a didática e a formação à negação do debate,
admitindo-se apenas as ideias originadas na autodenominada esquerda.
Desequilibraram as contas públicas e reacenderam o estopim da
inflação punitiva dos mais pobres. Nos governos de Lula e Dilma
premiaram empresas financiadoras de campanhas — as “campeãs nacionais”
—, com subsídios do Tesouro em volume dez vezes maior que o destinado
aos programas sociais. Essas relações incestuosas emularam a corrupção
sistêmica. No Congresso, PT, PSOL, PCdoB, o PDT e parte da Rede
uniram-se na interdição do debate, debitando a culpa pela quebra do país
na conta do PMDB, antigo sócio no poder e que governa há apenas 14
meses.
Dissimulam, também, na sedução totalitária. Exaltam Getulio Vargas e
abstraem a ditadura do Estado Novo. Apoiaram o autoritarismo de Hugo
Chávez na Venezuela até com negócios extremamente prejudiciais ao
Brasil, como no projeto da refinaria de Pernambuco. E, agora,
solidarizam-se com a ditadura de Nicolás Maduro abduzindo a centena de
mortos neste ano e os incontáveis presos políticos. Sem aprender com os
erros, tentam mudar a História.
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