terça-feira, 1 de abril de 2014

Medidas de Maduro contra a inflação incluem venda de imóveis alugados
Governo venezuelano obriga proprietários de casas alugadas há mais de 20 anos a vendê-las, oferecendo-as primeiro aos inquilinos
Denise Chrispim Marin - O Estado de S. Paulo
No distrito de Chacao, no domingo, opositores enfrentaram a polícia - Miguel Gutiérrez/EFE
Miguel Gutiérrez/EFE
No distrito de Chacao, no domingo, opositores enfrentaram a polícia
CARACAS - Pressionado por sua própria base eleitoral, o governo de Nicolás Maduro adotou medidas para conter a inflação e aumentar a oferta de alimentos, uma forma de desestimular os protestos da oposição. Na área monetária, o governo elevou na segunda-feira, 31, os depósitos compulsórios de feitos por instituições bancárias no Banco Central. Na habitacional, ordenou a donos de edifícios que alugam apartamentos há mais de 20 anos a vendê-los.
As iniciativas têm o claro objetivo de reduzir a inflação anualizada, que alcançou 57,3% em fevereiro. A cesta básica de alimentos, bens e serviços básicos custou 12,3 mil bolívares (US$ 1.900 mil pelo câmbio oficial e US$ 215,8 pelo paralelo) no mesmo mês. Essa cifra representa um aumento de 4,5 mil bolívares - mais do que um salário mínimo - em apenas um ano. A variação de preços de aluguel foi de 5,6% e a de alimentos, 2,9%, segundo o Centro de Documentação e Análise para os Trabalhadores (Cenda).
O aumento do depósito compulsório de 20,5%, em dezembro passado, para 21,5%, a partir de terça-feira, 1, foi a medida monetária alternativa à elevação da taxa de juros para frear o consumo no país. Com menos dinheiro disponível para empréstimos, os bancos tenderão a aumentar o custo cobrado dos tomadores de crédito. No caso da pressão sobre os donos de edifícios de aluguel, o governo tenta quebrar o poder do setor de definir os preços e reduzir a demanda.
A Superintendência Nacional de Arrendamento de Moradia informou que a oferta dos imóveis para a venda - primeiro, ao inquilino - deve começar até 28 de maio. A operação de venda terá de seguir limites de ganhos da Lei de Preço Justo e, assim, não terá base em condições de mercado. Ao desrespeitar essa nova norma, o proprietário está sujeito a multas a partir de 256 mil bolívares (US$ 40,6 mil, pelo câmbio oficial, e US$ 4.500, pelo paralelo).
O governo anunciou ainda o desembarque de alimentos importados no último fim de semana, como meio de conter a especulação de preços no país e acalmar a população mais afetada pelo desabastecimento. Foram trazidas do Brasil 555 toneladas de carne congelada sem osso e 6.500 toneladas da Colômbia, 20 toneladas de arroz e 20 mil toneladas de trigo do Canadá, 24 toneladas de soja dos EUA e 2.500 toneladas de feijão preto da China, além de mais de 2 mil toneladas de produtos de higiene pessoal e 303 toneladas de papel higiênico.

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