Promessas e programas para 2016
Candidatos anunciam projetos até interessantes, mas promessas têm de sobreviver a 2015
VINICIUS TORRES FREIRE - FSP
AÉCIO
NEVES prometeu uma "simplificação tributária" e anunciou a meta de
levar de 18% do PIB para 24% do PIB a taxa de investimento da economia
(que se gaste esse tanto da renda nacional em ampliação da capacidade
produtiva). Foi o que disse a empresários, em sabatina promovida pela
Confederação Nacional da Indústria.
Não é razoável exigir do
candidato detalhes de programas em entrevista com tantos assuntos. Mas
fica a curiosidade de saber como o senador tucano trocará em miúdos suas
promessas.
"Simplificação tributária" pode significar de quase
nada a um excesso de ambições. A meta de levar o investimento a 24% do
PIB em parte não depende do governo, em parte depende de um governo
muito capaz.
Os dois assuntos estarão especialmente enredados nos
próximos anos. Será também especialmente difícil lidar com tais
problemas, pois o governo chegou à pindaíba, vide o resultado das contas
federais do primeiro semestre, anunciado ontem: o pior desde o ano
2000.
Simplificação tributária pode significar a medicação do
manicômio burocrático dos impostos. É importante, difícil, mas não custa
muito além de inteligência e trabalho.
Simplificar, reduzir e
esclarecer procedimentos já seria um ganho de produtividade. Mas é
preciso que exista uma autoridade poderosa a cargo da tarefa, com o
apoio presidencial. Os burocratas são uma montanha no meio do caminho. O
governo de Dilma Rousseff fez algum progresso na redução da burocracia
nos portos. Não fez mais porque, mesmo com regulamentações e normas
aprovadas, a coisa empacou em burocratas e na descoordenação do governo.
Simplificação
tributária pode significar também algo como reforma tributária.
Trata-se de tarefa politicamente muito mais complicada (envolve Estados e
municípios) e que exige algum dinheiro no caixa do governo, o que não
haverá nos próximos dois anos.
Uma reforma tributária mesmo
mínima, no presente caso do Brasil, exige que o governo federal compense
Estados e municípios (banque perdas de receita devida à racionalização
dos tributos). Pode implicar perda direta de receita federal, pois é
difícil calcular, a princípio, o efeito de impostos novos.
Repita-se:
não haverá dinheiro, pois o Brasil crescerá pouco em 2015 e talvez em
2016. Não haverá dinheiro, de resto, porque o governo tem de aumentar
sua poupança, de modo a colocar a economia nos trilhos elementares (isto
é, tem de poupar mais a fim de ajudar a controlar a inflação, baixar
juros etc).
Aliás, medida razoável e talvez inevitável do próximo
governo será aumentar algum imposto de modo a fechar as contas com
sobra bastante para evitar o aumento da dívida pública.
A
perspectiva de inflação e juros mais baixos (custos menores e
estabilidade) é uma condição mínima para a retomada da confiança
empresarial e dos investimentos.
Em suma, não haverá condição de
reforma tributária mínima ou de aumento da taxa de investimentos sem um
plano imediato que coloque ordem nas contas públicas e que crie a
expectativa de baixa gradual da inflação e juros. Sem passar por essa
primeira
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