Temer age para enquadrar Skaf e avisa que PMDB vai apoiar Dilma no Estado
Após candidato
peemedebista publicar vídeo no qual ironiza pressão para que abra
palanque para a petista, vice-presidente diz ao correligionário que
sigla vai apoiar sua chapa em São Paulo; em outra frente, o PT tenta
isolar ex-presidente da Fiesp
Joao Domingos e Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo
O vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel
Temer, agiu nesta terça-feira, 29, para enquadrar o candidato ao governo
de São Paulo pelo seu partido, Paulo Skaf, exigindo que ele abra
palanque no Estado para a presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à
reeleição. Em outra frente, o PT tenta isolar o presidente licenciado da
Fiesp, que quer manter a campanha desvinculada da presidente.
Na segunda, Skaf gerou um grande mal-estar na aliança
nacional ao publicar em suas páginas oficiais na internet um vídeo em
que ironiza as investidas pelo palanque duplo para Dilma no maior
colégio eleitoral do País. O peemedebista, na gravação, responde a uma
mensagem no celular afirmando que a pergunta sobre o apoio ao PT é coisa
de quem “sabe de nada, inocente”.
Temer ligou para Skaf e avisou: “O PMDB paulista
estará com Dilma e comigo na campanha nacional”. Diante da resistência
do candidato do partido em São Paulo, o vice-presidente poderá convocar
uma reunião da Executiva Nacional da legenda para analisar o caso e uma
eventual intervenção na campanha.
Na tentativa de se apresentar como uma terceira via,
Skaf tem reiterado que é adversário do PT e do PSDB no Estado e não dará
espaço a Dilma em sua campanha, com o receio de ser contaminado pelo
alto índice de rejeição à presidente em São Paulo, 47% segundo o
Datafolha.
Ato de apoio. O coordenador da
campanha de Dilma no Estado, Luiz Marinho, iniciou ontem um movimento
para cercar Skaf. Marinho conversou com os líderes de todos partidos que
compõem a coligação do peemedebista para marcar um ato de apoio a Dilma
nas próximas semanas. “A campanha da Dilma vai sair com ou sem o Skaf.
No fim das contas vamos ver quem é mais inocente”, disse Marinho.
Entre as lideranças de partidos aliados a Skaf
procuradas pelo coordenador estão Carlos Luppi (PDT), Gilberto Kassab
(PSD), Paulo Maluf (PP) e o próprio Temer, com quem Marinho vai se
reunir ainda esta semana. O petista, no entanto, nega que o objetivo
seja isolar Skaf.
Na conversa com o correligionário, Temer lembrou-o de
que, se mantiver a postura que tomou, poderá enfraquecer a própria
candidatura, pois algumas lideranças tendem a deixá-lo para ocupar o
palanque mais acessível à presidente Dilma, no caso, o do petista
Alexandre Padilha.
Skaf ainda foi avisado pelo presidente nacional do
partido de que sua candidatura só existe por causa de uma intervenção
sua. O vice-presidente também ponderou que foi ele, na condição de lider
maior do PMDB, que impediu o partido de fechar aliança com o PSDB do
governador Geraldo Alckmin, abrindo assim a possibilidade da candidatura
de Skaf, que vinha do PSB.
Temer reafirmou que o PMDB deverá fazer, sim, campanha
para Dilma Rousseff, independentemente da existência da candidatura de
Padilha, que tem apenas 4% das intenções de votos, contra 16% de Skaf e
54% de Alckmin. Ele destacou ainda que, pelas pesquisas, hoje não
haveria segundo turno em São Paulo.
Ainda conforme parlamentares ligados ao candidato ao
governo de São Paulo, não há como fugir de uma realidade: Geraldo
Alckmin está no segundo turno da eleição. Como só resta uma segunda vaga
para o segundo turno, esta será decidida entre Skaf e Padilha. Eles
lembram que ninguém acredita que o petista manterá apenas os 4%
apresentados hoje nas pesquisas eleitorais, visto que o PT,
historicamente, costuma chegar a mais de 20%.
Por isso, afirmam os aliados de Skaf, o candidato do
PMDB expôs uma situação que talvez o vice-presidente da República não
saiba que ocorre em São Paulo: o eleitor petista é tão adversário dos
peemedebistas quanto é dos tucanos. Não adianta tentar se aproximar
dele, porque ele não vai votar em Skaf.
Nesta terça, ao cumprir agenda em Mauá (SP), Padilha
devolveu a ironia de Skaf: “Como dizia a minha avó: quem desdenha muito
pode um dia querer comprar.”
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