Quadro em mutação
MERVAL PEREIRA - O Globo
No chamado Triângulo das
Bermudas - Rio, São Paulo e Minas - que reúne 42% do eleitorado
nacional, a situação revelada pela primeira pesquisa do Ibope
encomendada pela TV Globo mostra um quadro em mutação desfavorável à
presidente Dilma Rousseff, embora ela esteja numericamente na frente em
dois dos três estados.
Mas o candidato
oposicionista Aécio Neves caminha para vencer em Minas, onde os
candidatos petistas sempre ganharam nas últimas eleições, e está em
empate técnico com Dilma em São Paulo, onde o PSDB tem o predomínio
político. Nos dois estados, é provável que o maior partido de oposição
vença as eleições para os governos locais e para o Senado, mostrando que
a chapa oposicionista tem força suficiente para se impor ao PT.
Em São Paulo, o
governador Geraldo Alckmin pode vencer no primeiro turno, e o candidato
petista, Alexandre Padilha, patina nos 5%. Para o Senado, o
ex-governador José Serra continua na frente. O PSDB tem vencido
regularmente a eleição para presidente em São Paulo, mas a diferença a
seu favor vem diminuindo: Fernando Henrique abriu cerca de 5 milhões de
votos frente a Lula em 1994 e 1998, em 2006, Alckmin venceu por uma
margem de 3,8 milhões de votos, e Serra, em 2010, por cerca de 1,8
milhão.
Esta será a primeira
eleição presidencial desde 1994 em que não há candidatos paulistas na
disputa e, por enquanto, a performance de Aécio Neves tem sido boa,
mostrando que o eleitorado tucano e a máquina partidária está engajada
na campanha. O candidato do PSB, Eduardo Campos, em que pese a boa
votação que sua vice, Marina Silva, teve em 2010 no estado e ser ele
aliado de Alckmin, não tem boa aceitação, com 6% das intenções de voto.
Em Minas, o candidato
tucano, Pimenta da Veiga, já está em empate técnico com Fernando
Pimentel do PT, que até pouco atrás liderava com folga a corrida para o
governo. Quando identificado como o candidato de Aécio, Pimenta da Veiga
sobe nas pesquisas. O ex-governador Antonio Anastasia lidera a corrida
para o Senado, com vantagem sobre o candidato do PMDB, Josué de Alencar.
Provavelmente, portando,
a presidente não repetirá a vitória que teve em 2010, quando venceu em
Minas por diferença de 1,7 milhão de votos.
Se, além de impedir essa
diferença a favor de Dilma, o candidato tucano confirmar uma vitória
com cerca de 3 milhões de votos na frente, estará compensando a eventual
diferença que a presidente possa ter no Nordeste, que continua sendo
sua fortaleza.
Mas a situação da
presidente no Nordeste também não será a mesma de 2010, quando tirou
cerca de 11 milhões de votos de diferença no primeiro turno. Só em
Pernambuco, ela perderá a diferença de quase 2 milhões de votos que
teve, pois o ex-governador Eduardo Campos já está empatado com ela na
pesquisa, e tudo indica que deve reverter essa diferença a seu favor. Em
Pernambuco, a candidata à reeleição, Dilma Rousseff, aparece com 41%
das intenções de voto, tecnicamente empatada, mas numericamente à frente
do candidato Eduardo Campos, que tem 37% das menções.
Enquanto em Minas
Eduardo Campos aparece com meros 5% de intenção de votos, em Pernambuco é
Aécio que tem apenas 5%. No Estado do Rio de Janeiro, onde a presidente
Dilma teve votação expressiva em 2010, ela continua muito à frente de
seus adversários, com 35% dos votos contra 15% para Aécio e apenas 5%
para Campos. Mas a máquina do PMDB, que está trabalhando para o
candidato tucano, começa a se mexer, colocando o governador Pezão, com
15% dos votos, em virtual empate técnico com o candidato Garotinho, do
PR, que aparece com 21% das intenções de voto, e Marcelo Crivella (PRB)
com 16%. Lindberg Farias, do PT está empacado nos 11%.
Garotinho, porém, tem um
problema que coloca um teto em suas pretensões: ele é também o
candidato com maior rejeição, citado por 44% dos eleitores.
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