Extremismo psicótico
- IL
O caso específico de Israel e da Palestina é um exemplo magnífico dos
problemas decorrentes do extremismo. Enquanto a guerra se desenrola
Israelenses e Palestinos sofrem. Mas, ao examinar a questão por meio do
números de mortos – lado a lado – e/ou das diferenças tecnológicas, os
analistas demonstram miopia gravíssima, não enxergando um palmo diante
dos olhos. A primeira reação é usar as palavras “desproporção” e
“desigualdade”. Vide o que fez o Itamaraty em nosso país, que, na
sequência, chamou o embaixador brasileiro de volta para “prestar
esclarecimentos” – ato considerado agressivo na prática da diplomacia.
A questão é muito maior do que isso, e, infelizmente, nosso governo
está agindo de forma açodada. Usou-se um “racional” imediatista e
maniqueísta: Israel é forte, tem uma excelente tecnologia de defesa
contra misseis, e, portanto, não pode fazer praticamente mais nada. Isso
faz algum sentido? Uma questão com esse grau de complexidade deve ser
avaliado na base do “fraquinho contra o fortinho”? Vamos lá, para início
de conversa a guerra não é entre Israel e Palestina, mas entre o Hamas e
Israel. O que é o Hamas? Ora bolas, todos sabem que é um grupo
terrorista.
Como se vê das mais diversas matérias publicadas na mídia, o Hamas:
(I) usa a população como escudo humano; (II) instala sua artilharia
pesada perto de prédios populares; (III) cava túneis para invadir
Israel; (IV) lança uma quantidade absurda de misseis diariamente; e,
dentre outras questões, (V) não representa – ao menos do ponto de vista
democrático (e soberano) – o povo da Palestina. Todavia, a despeito
disso tudo, o grupo terrorista viola qualquer cessar fogo tentado.
Não podemos nos esquecer que em 11 de setembro de 2001 o mundo mudou.
Grupos terroristas tomaram o lugar dos Estados como os principais
protagonistas dos conflitos internacionais. Mas, diferente dos Estados –
que podem sofrer sanções –, grupos terroristas não correm riscos. Para
eles, não há consequências. Então, o que Israel deve fazer? Lutar contra
os terroristas ou ficar quieto, deixando seu povo – e os próprios
Palestinos – a mercê de terroristas?
Enfim, extremismos e pré-conceitos não resolvem essas indagações.
Eles são um desastre se utilizados como forma de entender qualquer
coisa. Não tenho respostas para o conflito entre o Hamas e Israel. Mas, o
exemplo demonstra que avaliações superficiais, calcadas em sentimentos,
palavras de ordem e posições bipolares são absolutamente inúteis.
Se pretendermos entender algo complexo, então, é fundamental
mergulhar fundo – de espírito isento – nos fatos. Sem atalhos! Quer
compreender algo – seja o conflito ou qualquer outra questão –, estude
muito e avalie todos os detalhes. Construções automáticas e extremistas
só vão afastá-lo do conhecimento. Afaste-se, também, da carga de certas
palavras e preste mais atenção ao argumento. É preciso olhar para as
zonas cinzentas e avaliar todas as circunstâncias envolvidas. De outra
forma, não passaremos de repetidores de ideias alheias.
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