sábado, 3 de janeiro de 2015

Classe econômica ganha "assento premium" em voos graças à queda dos combustíveis
Joe Sharkey - TINYT
Divulgação
Companhias aéreas estão gastando bilhões para tornar seus produtos de assentos premium mais atraentes para os viajantes de negócios Companhias aéreas estão gastando bilhões para tornar seus produtos de assentos premium mais atraentes para os viajantes de negócios
Eu ocasionalmente sugiro que os viajantes de negócios em viagens internacionais exaustivas deveriam poder voar no conforto da classe executiva. Ou pelo menos em assentos premium da classe econômica, com mais espaço para as pernas e melhor serviço, do que na miséria dos assentos comuns. Essa sugestão irrita alguns gerentes frugais de viagens de negócios.
As companhias aéreas, por outro lado, adoram ouvir isso. Por todo o mundo, enquanto acumulam lucros recordes e comemoram a queda acentuada nos preços do petróleo, as companhias aéreas estão gastando bilhões para tornar seus produtos de assentos premium –principalmente na classe executiva, mas também na primeira classe– mais atraentes para os viajantes de negócios. Parece haver a suposição de que os preços mais baixos de energia estão deixando mais dinheiro disponível nos bolsos dos viajantes, assim como um relaxamento das políticas das empresas para voo em classes premium.
"Nós realmente estamos vendo um grande aumento de viagem na classe executiva", disse Peter Vlitas, o vice-presidente sênior para vendas e marketing de viagens aéreas da Protravel International, uma empresa de gestão de viagem.
A melhora da economia é um motivo, assim como mais pessoas estarem viajando internacionalmente, com frequência em viagens mais longas por múltiplas cidades. "Elas podem viajar dos Estados Unidos para Londres, mas voltam de Paris após um pulinho na Alemanha", disse.
Há seis ou sete anos, uma passagem típica de ida e volta na classe executiva de Nova York a Londres custava cerca de US$ 11 mil. Agora, com a capacidade abundante e a concorrência robusta, essas passagens custam geralmente entre US$ 6.500 e US$ 7 mil, e os agentes de viagem podem negociar preços mais baixos para os grandes compradores corporativos.
O principal argumento para permitir a classe executiva é a produtividade. "Se falarmos em ir para a Europa em um assento econômico, eles chegam às seis ou sete da manhã e devem começar a trabalhar imediatamente", disse Vlitas. "Então, como vemos em nossas pesquisas, eles tendem a ficar bem até por volta das 11 da manhã, mas depois bate o cansaço."
Mas algumas empresas que aprovam viagens em classe executiva o fazem apenas em uma direção. "Para economizar dinheiro, a empresa os envia na classe executiva, e depois, no caminho de volta, os coloca em um assento premium da classe econômica", disse.
As companhias aéreas estão comemorando a queda no preço dos combustíveis, enquanto preveem lucros recordes e gastam prodigamente na melhoria de seus produtos de preços mais altos. Ao mesmo tempo, elas dedicam pouca atenção de marketing aos assentos mais baratos. Em uma conferência de investidores na semana passada com analistas do mercado de ações, a Delta Air Lines utilizou um slide que ilustrava sua estratégia de gestão de receita. Ele dizia, "receita mais alta por meio de melhor segmentação do cliente".
Segmentação do cliente é uma forma chique de dizer, "nós não queremos competir por participação de mercado básica; nós temos pouco interesse na capacidade de crescimento; e nos concentraremos no produtores de receita mais alta, especialmente aqueles sentados na frente do avião". Parece que as companhias aéreas também esperam ver mais do que um analista na conferência da Delta disse ser "ganhos inesperados" em riqueza do consumidor, criada pelos preços mais baixos de energia.
Glen Hauenstein, o diretor chefe de receita da Delta, explorava o tema na semana passada.
"É muito interessante pensar não apenas no que os preços mais baixos do combustível fazem à companhia aérea, mas também ao consumidor e o que pretendem fazer com o que economizarem com os preços mais baixos dos combustíveis", disse Hauenstein na conferência. A Delta está prevendo um lucro de US$ 5 bilhões no ano que vem, apoiado por uma economia estimada de US$ 1,5 bilhão em combustível.
Os viajantes mais jovens, em especial, estão abertos a comprar passagens aéreas mais caras, disse Hauenstein aos analistas.
"Se pensarmos no que os milenares estão fazendo, e no que as pessoas estão fazendo em geral, você não os vê comprando camisetas. Você não os vê correndo aos shoppings. Você não os vê comprando bens de curto prazo. Você não os vê comprando bens duráveis. Os milenares querem experiências", disse. "No que eles estão gastando dinheiro? Eles gastam em entretenimento e viagem."
Todas as grandes companhias aéreas estão cortando e picando suas estruturas de tarifas, seus programas de fidelidade e seus assentos, para se concentrarem naqueles que viajam muito e gastam mais, em vez daqueles que viajam muito em passagens baratas. A Delta, por exemplo, em uma reestrutura de seus assentos, atualizou seus produtos de classe executiva internacional e doméstica transcontinental e mudou o nome de BusinessElite para Delta One.
Isso é claramente uma tentativa de dizer que a classe executiva é a nova primeira classe, apesar de algumas companhias aéreas, entre elas a Emirates e a Etihad Airways, estarem estabelecendo novos níveis de extravagância em suas cabines de primeira classe. Um Etihad A380, por exemplo, tem uma suíte privada na primeira classe contando uma sala de estar, banheiro com chuveiro e um quarto.
Aqueles de nós lá na fileira 34 se perguntarão por que custos drasticamente mais baixos de combustível não se traduzem em tarifas básicas mais baixas. De fato, o senador Charles E. Schumer, democrata de Nova York, está pedindo por uma investigação federal sobre o motivo para o preço das passagens aéreas não ter caído. E por que as companhias aéreas persistem em adicionar aquelas infernais sobretaxas de combustível ao preço das passagens.
Segundo as companhias aéreas, nós temos que entender que todos esses bilhões precisam ser colocados em investimentos para compra de novos aviões e tornar a frente do avião um lugar melhor para aqueles que pagam muito mais. E as companhias aéreas nos Estados Unidos estão fazendo exatamente isso, disse Vlitas.
"Não apenas elas precisam correr atrás de todas aquelas companhias aéreas premium", disse, "como também agora estão liderando a investida".
Tradutor: George El Khouri Andolfato

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