Próximo presidente da Argentina herdará cúpula de espiões de Cristina Kirchner
Ariel Palacios - OESP
Presidente Cristina Kirchner e seu especialista em inteligência, o general Cesar del Corazón de Jesús Milani.
O
próximo presidente da Argentina, que tomará posse no dia 10 de
dezembro, herdará da presidente Cristina uma agência de inteligência com
uma cúpula de comando designada pelo kirchnerismo, caso o projeto de
lei da presidente Cristina Kirchner sobre a criação de um novo sistema
de espionagem seja aprovado nas próximas semanas. “Esta é uma
bomba-relógio que Cristina está deixando para o próximo governo”,
afirmou a deputada Margarita Stolbitzer, do partido GEN, de oposição.
Segundo o prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, do partido
Proposta Republicana e candidato às eleições presidenciais de outubro
deste ano, Cristina – a onze meses do fim de seu mandato – “quer
condicionar o próximo presidente”. Integrantes da oposição ressaltam que
Cristina pretende colocar dentro do novo esquema de espionagem
representantes de “La Cámpora”, denominação da juventude kirchnerista.A presidente Cristina, na segunda-feira à noite, anunciou que enviará um projeto de lei para a dissolução da Secretaria de Inteligência e sua substituição pela Agência Federal de Inteligência. Ela justificou esse projeto argumentando que ex-espiões do serviço secreto argentino estiveram armando “complôs” contra seu governo. Entre essas supostas conspirações, segundo indicou, estariam as denúncias realizadas pelo promotor federal Alberto Nisman contra a presidente Cristina. Segundo Nisman, ela teria ordenado em 2012 uma operação de encobrimento de autoridades iranianas responsáveis pelo atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em 1994.
Representantes da oposição reuniram-se ontem para discutir estratégias para solicitar perante o Parlamento a revogação do acordo assinado em 2013 com o Irã para criar uma Comissão da Verdade para investigar o atentado contra a AMIA.
MILANI – Analistas afirmam que o general César del Corazón de Jesús Milani está sendo o principal fortalecido interno do governo na crise gerada pelo caso Nisman. Milani é o chefe do exército argentino e – além de ser o militar favorito da presidente Cristina – é um especialista em inteligência militar. Integrantes da oposição acusaram Milani no ano passado de montar uma rede para espionar setores críticos do governo Kirchner.
Coincidentemente, no ano passado o setor de Inteligência do Exército teve um aumento de 31,8% em seu orçamento, enquanto que a Secretaria de Inteligência (SI), controlada por civis, teve um aumento de 16%. A inteligência militar mantém baixo perfil, longe do controle dos parlamentares, enquanto que a SI costuma estar sob o olhar atento da imprensa e da oposição.
Por lei, desde o fim da ditadura militar (1976-83) as forças armadas argentinas não podem realizar tarefas de inteligência interna, dedicando-se somente a atividades para prevenir hipóteses de conflito com outros países. No entanto, os analistas políticos coincidem que, desde os acordos entre os presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín no final dos anos 80 (que originaram, posteriormente, a criação do Mercosul) e o acordo de fronteiras com o Chile, em 1984, o país não conta com hipóteses de conflito.
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