domingo, 1 de fevereiro de 2015

Refutando as dez maiores impropriedades que ouvi e li sobre os atentados da França – Parte 4
9) “Nós (o malvado ocidente judaico – cristão) também temos nossos fundamentalistas!”
Sim, temos. E eles são uns chatos.  Mas não metralham meninas em escolas por quererem estudar, não pregam a decapitação de gente de outras religiões não condenam ninguém à morte por apostasia (abandono da religião) e não doutrinam seus filhos a se explodir por Deus. São, quando muito, inconvenientes ou irritantes. Quando se excedem e cometem alguma violência, são processados e presos, não considerados shahids (mártires), mujahedins (guerreiros de Deus) ou coisa parecida. Atos violentos cometidos em nome da religião dominante no ocidente são tratados como baderna ou crime.
A Bíblia é cheia de violência, traição e estórias fantásticas como todo texto mitológico ( e por mitológico não digo necessariamente falso). Seu texto, por ser essencialmente narrativo, mítico, está sujeito a profunda hermenêutica evolutiva. Hoje em dia em dia, depois de muitos erros e atrocidades cometidas nos séculos passados, nenhum judeu ou cristão comete os atos acima, ou apedreja mulheres por acusação de adultério. Querer equiparar Edir Macedo ou os judeus ultraortodoxos (que são irritantemente pacifistas, aliás) a Osama Bin Laden é uma absoluta falta de senso de proporções.
10) “A culpa desses ataques é da CIA e do Mossad !”
Puxa vida, como você é esperto, meu caro “consciente”.  Você é tão bem informado, mas tão informado, que você só pode ser… um agente da CIA ou no Mossad !
Sim, verdade. A culpa dos ataques jihadistas é da CIA e do Mossad. Da caspa, seborréia e da unha encravada também.
ENFIM: há uma avalanche de clichês bocós sobre o tema, o que é normal. O que é anormal é que esses clichês sejam vomitados por pessoas que gozam de algum prestígio intelectual ou alguma projeção, seja na academia, seja no jornalismo, e que essas façam uso de seu prestígio para opinarem sobre assuntos sobre o quais, via de regra, conhecem pouco ou nada.
Outro ponto fundamental é a Síndrome de Estocolmo. Quanto mais bárbaros os atentados contra nós, mais achamos que a culpa é nossa e mais nos comprometemos a ficar “bonzinhos com eles”, para que eles fiquem “bonzinhos conosco”. Sinto informar, mas não adianta. A lógica do terrorismo é provocar… terror. Trata-se da aplicação literal da Sura 8, versiculo 12 do Q-ran (Alcorão):
” E infundireis TERROR no coração dos descrentes. Separai-lhes a cabeça do pescoço (…)” .
A lógica é infundir medo extremo e através do medo extremo, tensões sociais e sucessivas concessões até a capitulação e a submissão.
Então, amigo “consciente”, bonzinho e bacana. Os jihadistas não vão achar você legal se você ficar ainda mais legal com eles, mais anti-ocidente e mais jihadófilo, tá? Procure saber o que foi feito com os esquerdistas, as feministas, os sindicalistas e os “muderninhos” cabeça-boa, nos Estados Teocráticos do Afeganistão e do Irã…
EM SUMA: Não adianta tentar entender o jihadismo sob a lógica ocidental, seja de esquerda à la Ilitch Ramirez Sanches: (“são oprimidos, são revolucionários potenciais contra o imperialismo ocidental opressor, estamos com eles ! “), seja de direita liberal à la Bill Clinton/Acordos de Oslo (“vamos negociar, vamos ficar bonzinhos, o que eles querem?”), seja a colonialista à la Ann Coulter: (“Invadam seus países, matem seus líderes e convertam todos ao cristianismo!”) O jihadismo é um fenômeno complexo e perigoso e o mundo ocidental terá que aprender a lidar com ele. Sem histeria, sem fundamentalismos, sem preconceitos. Mas sem devaneios acadêmico- ideológicos ou romantismos “bom-mocistas” e suicidas.

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