Para Delcídio, posição do PT sobre sua prisão é ‘covardia atroz’
A pessoas que o visitaram na PF, senador se queixou do abandono do partido e de Lula
Fernanda Krakovics - O Globo
O senador Delcídio Amaral: líder do governo e preso
- Ailton de Freitas/30-04-2015 / Agência O Globo
Sentindo-se abandonado, principalmente pelo ex-presidente
Lula e pelo PT, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) classificou de
“covardia atroz”, segundo pessoas próximas, a nota divulgada pelo
presidente de seu partido, Rui Falcão, negando-lhe solidariedade.
Pessoas que visitaram o senador na Polícia Federal em Brasília, onde
está preso, afirmaram que ele está “muito aborrecido” com Lula, devido
aos relatos de que o ex-presidente considerou “coisa de imbecil” e
“grande burrada” suas movimentações para tentar obstruir as
investigações da Lava-Jato. O Instituto Lula negou que o ex-presidente
tenha feito tais comentários.
— Deixe estar, os dias se sucedem — afirmou um interlocutor de Delcídio.
Esse auxiliar negou, porém, que o ex-líder do governo esteja negociando uma delação premiada.
Os únicos senadores que telefonaram para a mulher de Delcídio, Maika,
prestando solidariedade foram o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e o ex-senador José Sarney (PMDB-MA), outro motivo de
ressentimento.
Delcídio falava com Lula rotineiramente. Quando o ex-presidente ia a
Brasília, o senador costumava encontrá-lo no hotel. Os dois também
conversavam com frequência por telefone.
No dia da prisão de Delcídio, determinada pelo Supremo Tribunal
Federal (STF), antes que o Senado tomasse uma posição oficial sobre o
assunto, Falcão divulgou nota afirmando que o PT “não se julga obrigado a
qualquer gesto de solidariedade”, porque as ações atribuídas a Delcídio
não têm “relação com sua atividade partidária”. Ontem, no site do PT,
Falcão disse que é “inquestionável” que Delcídio “traiu a confiança do
PT, do governo Dilma e frustrou seu eleitorado”.
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