domingo, 31 de agosto de 2014


União Europeia estuda incluir Copa na Rússia como parte das sanções por crise na Ucrânia
Jamil Chade - O Estado de S. Paulo 
Meta liderada por David Cameron é a de isolar Moscou
GENEBRA - Governos europeus estudam incluir a Copa do Mundo de 2018 na Rússia como parte das sanções contra o Kremlin por conta da invasão ao Leste da Ucrânia. No sábado pela noite, a cúpula da União Europeia se reuniu em Bruxelas e decidiu, em uma semana, fazer uma nova lista de áreas que serão afetadas pelo embargo. Um dos pontos em debate é o de pressionar a Fifa a suspender o Mundial nas cidades russas, uma proposta de David Cameron, primeiro-ministro britânico.
A crise na Ucrânia levou o Ocidente a adotar o maior pacote de sanções econômicas contra a Rússia desde o final da Guerra Fria. Mas a iniciativa não barrou Moscou. A saída, segundo uma ala da UE, é justamente a de adotar "medidas simbólicas" e que possam afetar a popularidade do presidente russo, Vladimir Putin. Uma delas seria o isolamento esportivo de Moscou, da mesma forma que ocorreu nos anos 80 quando os Jogos Olímpicos foram boicotados pelo Ocidente. 
"As atuais sanções não modificaram o comportamento de Moscou e precisamos ser mais imaginativos", declarou uma fonte diplomática em Bruxelas no domingo e na condição de anonimato. "A ideia de tirar a Copa do Mundo da Rússia fez parte dos debates entre os líderes europeus, principalmente por parte do Reino Unido", confirmou. 
O problema para os europeus, porém, é que uma decisão unilateral do bloco não seria suficiente, já que o poder de escolher as sedes está com a Fifa. Mas líderes europeus avaliam que uma declaração de força do continente pode criar uma pressão. Afinal, a UE tem 13 das 32 vagas na Copa do Mundo e fez os três últimos campeões do mundo. 
Segundo o Estado apurou, a Fifa não quer se envolver no debate político e insiste que não vai ceder às pressões políticas. Mas o mal-estar é cada vez maior. Há duas semanas, Moscou decidiu fechar lojas do McDonalds na capital sob o argumento de que tinham problemas sanitários. Mas a atitude foi vista pelos EUA como parte de uma retaliação. O problema é que o McDonalds é justamente um dos maiores patrocinadores da Copa do Mundo e da Fifa. O mesmo poderia ocorrer com Coca-Cola, com o cartão Visa e outras marcas ocidentais que, no fundo, bancam a Fifa. 
Resposta - Do lado russo, o presidente Vladimir Putin declarou no final da semana passada que está convencido de que não existe riscos para o Mundial de 2018. 
Ele também fez questão de tecer amplos elogios à atitude da Fifa. "A Fifa já disse que o futebol e esportes estão fora do debate político e acho que essa é a coisa certa a seguir", declarou. Em julho, a Fifa declarou que "isolar um país não é a forma mais eficiente de resolver problemas".
Nos últimos anos, Putin conseguiu colocar no próprio governo da Fifa um de seus ministros, Mutko. Além de cuidar da pasta de Esportes no Kremlin, ele também é membro do Comitê Executivo da Fifa e orgão máximo do futebol. 
Para a Fifa e os russos, os ingleses tem interesses que vão além da paz na Ucrânia quando falam da Copa do Mundo. Londres foi um dos candidatos para receber o Mundial de 2018. Mas ganhou apenas dois votos nas eleições em 2011. Um dos votos era do próprio representante britânico na Fifa.

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