
Il diavolo sta nei dettagli
Mulheres trabalham em área de construção em Bophal, na Índia
Avó deixa menino preso em ponto de ônibus na Índia para ir trabalhar
Vinícola em Templeton, na Califórnia; seca afetou atividade
Seca na Califórnia é a pior em mais de um século
Segundo o senador, acompanhamos o suplício de um “governo acéfalo, em
estado catatônico, capaz de anular qualquer um que se disponha a mudar
os rumos da política” e, seguramente, “com Dilma, o único cenário
possível é o desastre”. Ele se pergunta, já sabendo a resposta de
antemão, se vale a pena, como alguns oposicionistas parecem crer, e
outros tantos já até assim se manifestaram, “prolongar essa sangria por
mais três anos” e “sustentar uma presidente sem legitimidade,
completamente desconectada da população, sem a confiança do mercado” –
acrescentamos: o nacional e o internacional – “e incapaz de propor
mudanças que corrigiriam seus próprios erros”. Uma presidente cujo
governo foi alvo de “três protestos nacionais em menos de seis meses”.
Um governo que motiva a presença da palavra “recessão” em letras
garrafais na capa de O Globo do mesmo dia, como síntese do que
sinalizam os indicadores econômicos. Um governo com “recorde histórico
dos índices de reprovação” e que convive com a revelação de um escândalo
abrangente de corrupção via Lava Jato que, se contava com a
participação de outros políticos e outros partidos, nitidamente resulta
de um esquema de poder coordenado e orquestrado pela legenda que conduz
os rumos presidenciais brasileiros há mais de uma década, atendendo
diretamente à sua manutenção. Um governo contra o qual, para completar,
há fundamentos materiais e jurídicos para comprovar o “uso de propinas
do Petrolão na campanha eleitoral”, levando à cassação da presidente
pelo TSE, e o “descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal”.
Homer, profeticamente, começa tentando ligar o cabo no plug vermelho.
E toma um choque. Tenta então no verde. Toma outro choque. E inicia
individualmente o percurso social iniciado no século XX: “Vamos tentar o
vermelho de novo!!” Desnecessário dizer que é seguido por um novo
choque. Então tenta ligar o vermelho e o verde ao mesmo tempo. E lá se
vai mais um choque.
Sempre que ouço um socialista defendendo a liberdade, lembro-me de
todos os partidos que eles apoiam e também dos regimes que esses
partidos defendem. Partindo de um princípio básico de coerência, creio
que qualquer pessoa acharia um completo absurdo um vegetariano almoçar
todos os dias numa churrascaria ou um defensor dos direitos dos animais
usar sapatos feitos de couro de jacaré. Sendo assim, não seria
incoerência uma pessoa que defende direta ou indiretamente regimes que
restringem a liberdade de expressão se utilizar de uma ferramenta que
potencializa essa liberdade?
Durante a campanha eleitoral, Dilma Rousseff e os demais petistas
atacaram os candidatos de oposição dizendo que reduzir o número de
ministérios não seria um importante corte de gastos e uma aconselhável
reforma administrativa, mas sim um “escândalo” causado por uma suposta
“cegueira tecnocrática”. Meses depois, Dilma e seu Ministro do
Planejamento anunciam uma grande ideia para ajudar o Brasil a superar a
crise econômica e reorganizar sua gestão pública federal: reduzir o
número de ministérios. Hipocrisia pura.
A falta de compromisso com o controle dos gastos públicos foi o
calcanhar de aquiles de todos os nossos programas de estabilização. Esse
descontrole acaba levando sempre ao aumento das taxas de juros e à
elevação dos impostos, na tentativa de frear a aceleração inflacionária.
O resultado a curto prazo é o aprofundamento da recessão pela queda da
produção e do emprego. E a persistência de juros astronômicos e impostos
excessivos desestimula investimentos e derruba nossa dinâmica de
crescimento a longo prazo.