Adéa Guillot e Alain Salles - Le Monde
Orestis Panagiotou/EFE
Aurora Dourada se apresenta como o único partido antissemita para as eleições de 20 de setembro
Houve um tempo em que os membros da Aurora Dourada eram menos amáveis para com os jornalistas estrangeiros. Em 2012, um deputado queria expulsar os repórteres que se recusassem a se levantar quando seu líder, Nikolaos Michaloliakos, entrasse na sala. Eles mesmos gravavam as entrevistas para divulgá-las no site. Ilias Kasidiaris, porta-voz do partido que se tornou célebre no mundo inteiro por ter estapeado, na frente das câmeras de TV, uma deputada comunista e por ter jogado um copo d'água em uma candidata do Syriza, era um dos símbolos dessa arrogância violenta do partido.
Hoje ele recebe seus visitantes com um grande sorriso. "Bonjour", ele cumprimenta em francês e depois em inglês. No escritório da Assembleia grega, meia dúzia de homens de cabelos raspados e camiseta preta andam de um lado para outro. O elegante deputado hoje se mostra discreto e posa de mártir. "Passei um ano na cadeia por nada", se queixa.
O partido se faz de inocente. Em seu horário eleitoral, a Aurora Dourada agora prefere apostar na pureza em vez das imagens agressivas que caracterizavam suas campanhas. Mas por trás dessa aparente tranquilidade, a mensagem continua sendo a mesma. "A Grécia pertence aos gregos!", gritam as crianças. "Não quero virar uma minoria dentro de meu próprio país", diz um rapaz.
Após o assassinato do rapper Pavlos Fyssas dois anos atrás, os principais nomes do partido foram presos por participação em uma organização criminosa, e atualmente estão sendo julgados. Colocados em detenção provisória, a maior parte dos deputados foram liberados, pois haviam ultrapassado o tempo máximo permitido por lei e podem novamente atuar no Parlamento.
Para Ilias Kasidiaris, esse julgamento é "propaganda" destinada a calá-los. Todos os advogados da Aurora Dourada se empenharam em entravar o processo e impedir que os detalhes desse violento assassinato fossem lembrados logo antes das eleições legislativas de 20 de setembro e para não manchar a imagem de seus clientes, dos quais grande parte são candidatos hoje. Eles nem mesmo estão comparecendo aos julgamentos, onde são representados por seus assessores.
Ele mostra um vídeo de sua passagem por Kos, uma das ilhas que não estão dando conta da chegada de migrantes. Um homem se aproxima dele e lhe pede: "Salvem-nos!" Em uma campanha inexpressiva, na qual nenhum grande tema causa polêmica, a Aurora Dourada tem contado com a imigração para melhorar seu desempenho (6,3% nas eleições de janeiro).
Kasidiaris minimiza as violências passadas do partido. Sobre o saqueio de barracas de imigrantes em mercados quando deputados realizaram verificações de identidade, ele diz: "Quebraram uma mesa, isso não é crime". Já sobre os ataques xenófobos contra os imigrantes, "não precisamos de paus e facas, somos um partido político". Desde que a Aurora Dourada começou a ser processada judicialmente, essas caças aos imigrantes no centro de Atenas diminuíram nitidamente.
Mas em uma Grécia ainda devastada pela crise, desorientada pelo referendo, o partido vem tentando seduzir os eleitores que votam contra o sistema político. "Eles podem ser a má surpresa das eleições", diz preocupado o analista político Georges Sefertzis. "A Aurora Dourada deverá tirar votos tanto do Nova Democracia quanto do partido de Lafazanis – nascido da cisão do Syriza - , explica Dimitris Psarras, jornalista especializado na Aurora Dourada. Apesar de seus problemas judiciais, eles continuam apostando em sua imagem antissistema e também deverão conquistar parte do eleitorado anti-memorando."
Houve um tempo em que os membros da Aurora Dourada eram menos amáveis para com os jornalistas estrangeiros. Em 2012, um deputado queria expulsar os repórteres que se recusassem a se levantar quando seu líder, Nikolaos Michaloliakos, entrasse na sala. Eles mesmos gravavam as entrevistas para divulgá-las no site. Ilias Kasidiaris, porta-voz do partido que se tornou célebre no mundo inteiro por ter estapeado, na frente das câmeras de TV, uma deputada comunista e por ter jogado um copo d'água em uma candidata do Syriza, era um dos símbolos dessa arrogância violenta do partido.
Hoje ele recebe seus visitantes com um grande sorriso. "Bonjour", ele cumprimenta em francês e depois em inglês. No escritório da Assembleia grega, meia dúzia de homens de cabelos raspados e camiseta preta andam de um lado para outro. O elegante deputado hoje se mostra discreto e posa de mártir. "Passei um ano na cadeia por nada", se queixa.
O partido se faz de inocente. Em seu horário eleitoral, a Aurora Dourada agora prefere apostar na pureza em vez das imagens agressivas que caracterizavam suas campanhas. Mas por trás dessa aparente tranquilidade, a mensagem continua sendo a mesma. "A Grécia pertence aos gregos!", gritam as crianças. "Não quero virar uma minoria dentro de meu próprio país", diz um rapaz.
Após o assassinato do rapper Pavlos Fyssas dois anos atrás, os principais nomes do partido foram presos por participação em uma organização criminosa, e atualmente estão sendo julgados. Colocados em detenção provisória, a maior parte dos deputados foram liberados, pois haviam ultrapassado o tempo máximo permitido por lei e podem novamente atuar no Parlamento.
Para Ilias Kasidiaris, esse julgamento é "propaganda" destinada a calá-los. Todos os advogados da Aurora Dourada se empenharam em entravar o processo e impedir que os detalhes desse violento assassinato fossem lembrados logo antes das eleições legislativas de 20 de setembro e para não manchar a imagem de seus clientes, dos quais grande parte são candidatos hoje. Eles nem mesmo estão comparecendo aos julgamentos, onde são representados por seus assessores.
Caça aos imigrantes
A mídia que abria complacentemente suas portas para o partido neonazista pararam de fazer isso depois do assassinato de Pavlos Fyssas, e esse silêncio tem sido usado pelo partido. "Somos o único partido contra o sistema", afirma Kasidiaris, "o único contra o memorando, contra os governos e contra a imigração. É por isso que não podemos aparecer na televisão, para que os gregos não saibam a verdade. (...) As pessoas sabem que somos os únicos a defendê-las", diz o deputado neonazista.Ele mostra um vídeo de sua passagem por Kos, uma das ilhas que não estão dando conta da chegada de migrantes. Um homem se aproxima dele e lhe pede: "Salvem-nos!" Em uma campanha inexpressiva, na qual nenhum grande tema causa polêmica, a Aurora Dourada tem contado com a imigração para melhorar seu desempenho (6,3% nas eleições de janeiro).
Kasidiaris minimiza as violências passadas do partido. Sobre o saqueio de barracas de imigrantes em mercados quando deputados realizaram verificações de identidade, ele diz: "Quebraram uma mesa, isso não é crime". Já sobre os ataques xenófobos contra os imigrantes, "não precisamos de paus e facas, somos um partido político". Desde que a Aurora Dourada começou a ser processada judicialmente, essas caças aos imigrantes no centro de Atenas diminuíram nitidamente.
Mas em uma Grécia ainda devastada pela crise, desorientada pelo referendo, o partido vem tentando seduzir os eleitores que votam contra o sistema político. "Eles podem ser a má surpresa das eleições", diz preocupado o analista político Georges Sefertzis. "A Aurora Dourada deverá tirar votos tanto do Nova Democracia quanto do partido de Lafazanis – nascido da cisão do Syriza - , explica Dimitris Psarras, jornalista especializado na Aurora Dourada. Apesar de seus problemas judiciais, eles continuam apostando em sua imagem antissistema e também deverão conquistar parte do eleitorado anti-memorando."
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