Benoît Hopquin - Le Monde
Reinhard Krause/Reuters

O verbete delas na Wikipédia não é muito
mais recheado. Longe dos circuitos turísticos, só se vai até elas quando
se tem o que fazer. Se essas zonas urbanas são chamadas de "campo", é
prova de ignorância. Se são chamadas de "cidade do interior", tudo bem.
Chamamos de "França periférica", "França esquecida" ou de "França
invisível", na falta de opção melhor.
Sabemos como são essas cidades sem prestígio e quase sem nome, poderíamos descrevê-las de olhos fechados. Na entrada, há a área comercial e o supermercado. O preço da gasolina é anunciado em letras maiúsculas: suas variações ditam em parte o humor e os fins de mês.
Existem os pequenos comércios, muitas vezes franquias, da rua de pedestres, que baixam suas portas entre meio-dia e 14h, quando não o fazem para sempre. Existem as noites tediosas de domingo, quando tudo está fechado, e as segundas-feiras de cidade morta. Tem a fábrica, abandonada ou funcionando a meio vapor, que foi comprada, revendida, desmembrada e que em breve será uma carcaça vazia. As máquinas foram para outro lugar e os homens ficaram, tendo menos valor. Os filhos vão embora estudar na capital regional e não voltam mais.
Longe de Paris, longe de Bruxelas, mais nas cabeças que na geografia, existe esse sentimento de abandono e até de inutilidade, mas ao mesmo tempo tomado de um desejo de ensimesmamento, de uma recusa de mudança, como uma garantia de qualidade de vida. Ali reina uma certa inércia, como uma forma derradeira de resistência a essa globalização selvagem. Ali também, como em Harlow ou Cannock Chase, arrasta-se pelas ruas algo de imutável.
Como falar sobre essa mistura de quietude do cotidiano com inquietude pelo futuro? Essa França não é muito falante, finge uma enganosa reserva e mesmo quando ela fala, mal é ouvida. Ela acredita que não tem mais nada a perder que ela já não tenha perdido. É esse lado marginal que é o mais preocupante.
É fácil de ver como ela votaria se, amanhã, fosse organizado um referendo sobre o "Frexit". Essas cidades reagiriam como Kirklees, Hartlepool, Medway. Já se suspeita o que elas farão nas próximas eleições presidenciais.
Sabemos como são essas cidades sem prestígio e quase sem nome, poderíamos descrevê-las de olhos fechados. Na entrada, há a área comercial e o supermercado. O preço da gasolina é anunciado em letras maiúsculas: suas variações ditam em parte o humor e os fins de mês.
Existem os pequenos comércios, muitas vezes franquias, da rua de pedestres, que baixam suas portas entre meio-dia e 14h, quando não o fazem para sempre. Existem as noites tediosas de domingo, quando tudo está fechado, e as segundas-feiras de cidade morta. Tem a fábrica, abandonada ou funcionando a meio vapor, que foi comprada, revendida, desmembrada e que em breve será uma carcaça vazia. As máquinas foram para outro lugar e os homens ficaram, tendo menos valor. Os filhos vão embora estudar na capital regional e não voltam mais.
Longe de Paris, longe de Bruxelas, mais nas cabeças que na geografia, existe esse sentimento de abandono e até de inutilidade, mas ao mesmo tempo tomado de um desejo de ensimesmamento, de uma recusa de mudança, como uma garantia de qualidade de vida. Ali reina uma certa inércia, como uma forma derradeira de resistência a essa globalização selvagem. Ali também, como em Harlow ou Cannock Chase, arrasta-se pelas ruas algo de imutável.
Como falar sobre essa mistura de quietude do cotidiano com inquietude pelo futuro? Essa França não é muito falante, finge uma enganosa reserva e mesmo quando ela fala, mal é ouvida. Ela acredita que não tem mais nada a perder que ela já não tenha perdido. É esse lado marginal que é o mais preocupante.
É fácil de ver como ela votaria se, amanhã, fosse organizado um referendo sobre o "Frexit". Essas cidades reagiriam como Kirklees, Hartlepool, Medway. Já se suspeita o que elas farão nas próximas eleições presidenciais.
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