terça-feira, 21 de março de 2017

Ministro visita frigorífico investigado e afirma "parceria" com a PF 
Angelo Sfair, Narley Resende e Fernando Garcel - Paraná Portal
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Blairo Maggi esteve em Curitiba para defender as investigações da Polícia Federal (PF) e diz que não tem como prever o tempo necessário para o Brasil recuperar a credibilidade junto ao mercado internacional de carnes. Maggi vistoriou um frigorífico da empresa JBS/Seara na Lapa, região metropolitana de Curitiba, nesta terça-feira (21). A inspeção do ministro deve ser feita nas próximas três semanas em todas os 21 frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca.
Ainda dentro do frigorífico da Seara, o ministro Blairo Maggi voltou a comentar o que o Governo Federal acredita que são erros de interpretação da PF. O caso mais emblemático revelado pela operação é o suposto uso de papelão no processamento das carnes. “No processo não usa papelão. Foi uma informação errada. Ouviram erradamente porque não conhecem os termos do dia a dia de uma planta dessa. É lamentável, mas aconteceu”, garante Maggi.
O peemedebista garantiu que a carne brasileira tem qualidade e reforçou que o governo está em contato com autoridades internacionais para explicar o que chama de problemas pontuais. Porém, ele acrescentou que é impossível prever o tempo necessário para recuperar a imagem dos produtores brasileiros: “Essa é a pergunta que vale um milhão de reais”, completou.
O ministro também mudou o tom em relação a PF e, após duras críticas a Operação Carne Fraca, classificou a corporação como uma “parceira” do ministério para identificação e resolução de “problemas pontuais”. Blairo Maggi preferiu não especular sobre desdobramentos da investigação, revelando que novas denúncias envolvendo o setor de carnes chegaram a Polícia Federal.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reclama que não foi consultada pela investigação. A PF argumenta que não poderia consultar o Mapa, visto que o próprio ministério é alvo da Operação Carne Fraca. Mesmo assim, a coordenação da PF em Brasília e o ministro Maggi chegaram a um acordo para que os órgãos se comuniquem melhor.
“Combinamos que vamos ter algumas reuniões e que as investigações devem prosseguir, mas com um pouco mais de conhecimento técnico das informações sobre nossos regulamentos técnicos para saber se aquilo que o investigador está olhando é de fato um ilicito ou se o nosso regulamento permite”, declarou o ministro. “Eu não quero entrar em conflito com ninguém pois eles tem um papel importante para executar e tenho certeza que vamos em um bom caminho”, finalizou. 
A PF tem até hoje para apresentar os laudos técnicos que serviram de base para a Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira. A decisão é do juiz Marcos Josegrei, o mesmo que autorizou a ação policial. A liberação dos laudos atende a um pedido do Ministério da Agricultura, que ainda não teve acesso aos lotes de carne considerados suspeitos.
Férias coletivas
Depois da operação Carne Fraca, a BRF Brasil Foods anunciou que cerca de 1,7 mil funcionários entraram em férias coletivas. Os trabalhadores atuam na linha de produção da marca Sadia em Toledo, no oeste do Paraná. Segundo a empresa, a fábrica vai passar por uma reforma de modernização que deve durar 15 dias. De acordo com a BRF, a paralisação não está relacionada a operação.
Lista de Janot
O ministro comentou a notícia de que o nome dele faz parte da segunda lista do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e garantiu que “nunca manteve contato com executivos” para pedir recursos. Segundo o peemedebista, a chance do nome dele ser investigado no Supremo Tribunal Federal “é nula”.

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