Caso JBS desmente operação teleguiada anti-PT
A delação de Joesley, ao citar Aécio Neves,
confirma o caráter multipartidário da corrupção, e ainda ajuda a
invalidar discurso de que o alvo único é o lulopetismo
O Globo
O mensalão do PT, denunciado em 2005 por um de seus beneficiários, o então
deputado fluminense Roberto Jefferson, surgiu multipartidário. Por ser
um esquema de compra literal de apoios para a montagem da base
parlamentar no primeiro mandato de Lula, ele, necessariamente, enredaria
várias legendas.
E foi por isso que, entre os mensaleiros denunciados ao Supremo, além
de petistas, havia um bom número de representantes do PP, do PTB e do
PL, depois rebatizado de PR, após juntar-se ao Prona.
Até pelo estilo de fisiologismo selvagem adotado pelo lulopetismo na
cooptação de partidos, organizações da sociedade e movimentos ditos
sociais, aquela aliança espúria costurada na campanha de 2002 e lançada
no mensalão só fez se ampliar. Com os bilhões surrupiados da Petrobras
em conluio com empreiteiras, e a pulverização partidária, a festa
cresceu.
Agora, com a delação dos irmãos Joesley e Wesley, do grupo JBS, a
tendência multipartidária da corrupção se firmou, no envolvimento do
senador tucano Aécio Neves, presidente do PSDB, cuja acerto com Joesley,
em torno de R$ 2 milhões, foi gravado. Não se esquecer que, nos
depoimentos da Odebrecht à Lava-Jato, há outros tucanos citados, como o
ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, José Serra e Sérgio
Guerra, já falecido.
Se houve lulopetista animado com a tormenta que atinge Michel Temer, o
“golpista”, e Aécio, a terceira denúncia contra Lula feita pelo
Ministério Público à Justiça do Paraná, na Lava-Jato, na segunda, deve
ter acabado com esse bom humor.
Reafirma-se o caráter multipartidário da corrupção. Desta vez,
trata-se do caso do sítio de Atibaia, próximo à cidade de São Paulo, em
que estão visíveis impressões digitais da OAS e da Odebrecht,
empreiteiras do petrolão.
Na Lava-Jato, existem depoimentos sobre como as duas empresas, em
troca de vultosos contratos com a Petrobras, pagaram propinas ao
ex-presidente na forma de obras no imóvel.
Coube à OAS, entre outras empreitadas, equipar a cozinha do sítio e
também a do tríplex do Guarujá, no prédio construído pela empresa. Este
apartamento consta de outro processo, também na Lava-Jato, contra Lula.
Ainda no caso do sítio estão o Grupo Schahin e o pecuarista José Carlos
Bumlai, amigo de Lula, intermediário de exótica operação pela qual,
segundo denúncia, obteve empréstimo do Schahin, para o PT, saldado com a
assinatura com o grupo de um contrato de aluguel de navio-sonda pela
Petrobras.
Este grande arco multipartidário que se fecha com Aécio Neves tem,
ainda, o efeito de invalidar de vez o discurso de que a atuação do
Ministério Público e da Justiça no combate à corrupção visa apenas ao
lulopetismo. Os fatos mostram que não é assim. Não há preconceitos.
Existe é corrupção disseminada.
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