segunda-feira, 22 de maio de 2017

Como fica a economia depois dessa semana?
As delações da JBS mostraram seu poder destrutivo. Muitos, e eu estou entre eles, pedem a renúncia de Temer.
No campo econômico a preocupação atual diz respeito as reformas. Todos se perguntam sobre o futuro da agenda econômica. Esse artigo é minha resposta a essas dúvidas.
Cenário 1: Temer sobrevive e continua até dezembro de 2018
Mesmo com Temer sobrevivendo as reformas já morreram. Talvez a reforma trabalhista seja finalizada, afinal ela já passou pelo mais difícil. Por outro lado, a reforma da previdência já era. Essa reforma depende de amplo apoio político, e Temer perdeu completamente a pouca legitimidade que tinha para realizar essa tarefa.
Toda agenda econômica de Temer era baseada em expectativas. A expectativa de que as reformas seriam aprovadas é que impulsionavam a economia. Notem que mesmo a PEC do Teto dos Gastos não reduziu o gasto público. Esse ano teremos um déficit primário superior R$ 140 bilhões. A economia funcionava na base da credibilidade, na crença de que as reformas seriam aprovadas e a economia voltaria a crescer. Com as revelações dessa semana, Temer perdeu apoio político. Sem apoio político não tem reformas, sem reformas não existe expectativa positiva, sem expectativa positiva o crescimento econômico atual sofre.
Notem que dou grande destaque as expectativas. Isso ocorre pois, no cenário atual e seguindo a estratégia dessa equipe econômica, todos os ajustes eram de longo prazo. Não havia ajuste fiscal de curto prazo, e a ideia era de que com expectativas positivas acerca da aprovação de futuras reformas a economia iria aos poucos entrando nos eixos.
Sem expectativas positivas acerca da aprovação de reformas o mercado irá prestar atenção no gigantesco déficit primário que irá ocorrer nesse ano. Sem a expectativa de reformas o mercado notará que a PEC do Teto do Gasto não funciona sem uma reforma da previdência. Sem a expectativa de reformas o mercado notará que toda agenda macroeconômica de longo prazo irá ruir. Sem a agenda positiva de longo prazo o mercado deixará de investir no curto prazo.
Se Temer sobreviver será as custas das reformas que irão morrer. Sem reformas, a estratégia da equipe econômica vai por água abaixo. Claro que reformas pontuais poderão ser feitas, mas acredito muito pouco que Temer compre brigas para qualquer aprovação mais difícil.
Meu medo é que com Temer a frente da presidência teríamos uma repetição do ano e meio final da presidência de Sarney. Um verdadeiro empurra com a barriga torcendo para o próximo presidente assumir logo. E, quando finalmente o próximo presidente apareceu, nós todos sabemos o que aconteceu.
Cenário 2: Temer renuncia ou é cassado pelo TSE
A chance de aprovação de reformas continua pequena. Mas agora existe ao menos um pacto político de governabilidade (afinal o novo presidente será eleito pelo Congresso Nacional). Reformas microeconômicas podem ser implementadas sem grande alarde, pequenos ajustes na previdência teriam um apoio para ao menos manter os gastos dentro do limite estabelecido pela PEC do Teto dos Gastos. Certa tolerância teria que ser estabelecida na sociedade, pois trata-se claramente de um governo tampão com uma única finalidade: entregar um país governável e estável para o próximo presidente realizar as grandes reformas.

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