quarta-feira, 24 de maio de 2017

Rocha Loures atuava como interlocutor de Temer com procuradores da República
Guilherme Amado - O Globo
G1
Rodrigo Rocha Loures (foto) vinha mantendo há dois anos conversas com o atual e o ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), entidade de repesentação dos integrantes do MPF. O contato girava em torno de temas variados, como Lava-Jato, reajustes salariais e, mais recentemente, a eleição da lista tríplice para a sucessão de Rodrigo Janot.
Nessas conversas, com os procuradores regionais José Robalinho, atual presidente, e Alexandre Camanho, seu antecessor, Rocha Loures dizia sempre falar em nome de Michel Temer.
Em 2016, Rocha Loures chegou a marcar um café da manhã de Temer com os dois procuradores. Num café da manhã no dia 11 de maio, dia da abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, o então vice-presidente pediu a eles que transmitissem à força-tarefa do MPF em Curitiba que não haveria interferência na operação.
Temer pediu ainda que houvesse um encontro dos integrantes da força-tarefa com o presidente da República, pedido que foi rechaçado pelos procuradores de Curitiba.
A partir daí, Rocha Loures deixou de ter contato com Camanho e passou a procurar apenas Robalinho.
Ainda em 2016, houve mais dois encontros, em que Robalinho o procurou para conversar sobre o reajuste salarial do MPF.
O assunto lista tríplice passou a ser objeto da atenção de Rocha Loures este ano. A eleição da lista será no próximo dia 26 de junho e os candidatos a PGR estão em plena campanha.
Nessas conversas mais recentes, o então assessor de Temer pedia que Robalinho falasse do clima interno do MPF e descrevesse os principais candidatos a PGR.
Mas o interesse de Rocha Loures pela eleição na PGR não parava aí. A outros interlocutores, ele defendia o nome da subprocuradora Raquel Dodge e dizia que era ela a preferida de Michel Temer para o cargo.
Robalinho e Camanho confirmaram à coluna os encontros, tanto com Temer quanto com Rocha Loures. De acordo com os procuradores, o contato foi iniciado por Loures e tinha exclusivamente, por parte deles, o objetivo de fortalecer a lista tríplice como mecanismo do MPF para influir na escolha do PGR.
Raquel Dodge afirmou ter conhecido Rocha Loures há alguns anos no Paraná, por intermédio de uma amiga em comum. Este ano, num telefonema, Rocha Loures lhe pediu que ela recebesse uma jornalista. De acordo com a subprocuradora, ela nunca pediu o apoio do deputado nem lhe autorizou para que falasse em nome dela.

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